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Os efeitos do programa Minha Casa, Minha Vida

Texto: Redação AECweb

Setor imobiliário já subiu 126,38% e a rentabilidade média das 15 empresas listadas é de 80,2%, contra 41,7% do Ibovespa

01 de junho de 2009 - O plano do governo para estimular o setor de construção civil, Minha Casa Minha Vida, anunciado no final de março, trouxe novas perspectivas para as ações das empresas. Os papéis das companhias imobiliárias, após fortes perdas desde 2008, despontam como o segundo melhor investimento da BM&FBovespa no ano.

O índice do setor, calculado pela bolsa, demonstra ganho de 126,38%. A rentabilidade média das 15 empresas listadas na bolsa é de 80,2%, até o final do mês de maio, de acordo com o levantamento feito pela Corretora Souza Barros para o Monitor Mercantil. No ano, o Ibovespa acumula rentabilidade de 41,7%.

Cinco empresas concentram a liquidez dos negócios dentre as ações de construção: Cyrela, Gafisa e Rossi. No entanto, começam a se destacar a MRV e PDG, que têm forte atuação em projetos de habitação popular, a área prioritária do pacote habitacional do governo. Na contramão do setor, o endividamento pesou no desempenho das ações da Klabin Segall.

Destaques
O setor que mostra melhor desempenho no ano foi o de agronegócio, com alta de 103,84%. No entanto, a equipe de análise da Souza Barros explica que esta elevação está relacionada com o comportamento das BDRs da Agrenco. Estes papéis demonstram ganhos acima de 300% no ano, devido à perspectiva dos investidores da retomada das operações da companhia diante do acordo com a Glencore, definido no final de maio.

Outro segmento que se destaca no ano é o de siderurgia e metalurgia. As ações das 13 empresas classificadas como do setor, registram alta de 68% até o final de maio. A alta das ações está descolada da realidade vivida pelo setor. Os últimos dados divulgados mostram que os sinais de recuperação não são claros. A rentabilidade das siderúrgicas deve se continuar baixa nos próximos trimestres com pressão sobre preços e dificuldades em diluir custos fixos.

Para os analistas do Banco Fator, apesar dos esforços de toda a cadeia na diminuição de estoques, as empresas enfrentam dificuldades com a fraca demanda mercado final por aço. "O setor de siderurgia no Brasil tardou, em relação ao mercado internacional, em sentir os efeitos da crise financeira, o que levou a cadeia a manter produção enquanto os anúncios de suspensão de atividades aumentavam no exterior (exceto China, que manteve o ritmo).

Redução do IPI
A produção automobilística, por exemplo, beneficiada pela redução do IPI, teve pequena recuperação em meses isolados, e passou a impressão de que poderia se recuperar de forma consistente", explicam. A recomendação para CSN, Gerdau e Usiminas é de manutenção e preços-alvo de R$ 31,28, R$ 19,18 e R$ 32,29, respectivamente, para dezembro deste ano.

Já as ações das 12 companhias listadas como de finanças e seguros demonstram uma rentabilidade média de 53,9% no ano. Os dados do Banco Central mostram que o crédito esta lentamente voltando, mas ainda apresenta deterioração. "A inadimplência continua a piorar, mas não passou para níveis preocupantes em especial pelo tamanho das provisões feitas pelos bancos", ressalta a equipe do Banif Securities.

Durante as conferencias telefônicas realizadas sobre o resultado primeiro trimestre, os executivos das instituições financeiras ressaltaram que a piora do indicador de inadimplência deve ocorrer até o final do terceiro trimestre. Para as ações, o Banif recomenda compra dos papéis do Itaú Unibanco, Banrisul, Bradesco, Indusval e Panamericano. Para o Daycoval e Pine, a recomendação é neutra e ação do Banco Brasil é classificada como não atrativa.

Real x dólar
Para os próximos meses, tomando como base o cenário de continuidade da apreciação do real ante o dólar, com conseqüente depreciação das estimativas para a inflação, sobretudo IGP-M. E a expectativa de recuperação mais forte da economia doméstica, com clara melhoria da percepção de risco do investidor estrangeiro em relação ao mercado local; e retomada do crédito no mercado interno (tanto para pessoas físicas quanto para empresas), a equipe de análise do HSBC avalia que os principais setores beneficiados seriam os de varejo e energia elétrica.

As ações das oito empresas classificados como de varejo pela Souza Barros acumulam ganho médio de 52,99% no ano. Já as 16 do segmento de energia elétrica tem alta de 23,21%. De acordo com as perspectivas dos analistas do HSBC, estes setores, além de favorecidos pelo fortalecimento do real e do mercado interno, são estruturalmente mais defensivos, diante da maior previsibilidade de fluxo de caixa e distribuição de dividendos.

Por este motivo, são mais adequados o momento atual de mercado, aparentemente, "bem precificado". "Ainda sob esse cenário, sugerimos ao investidor menor exposição a empresas com receitas atreladas a commodities e ao dólar, que poderiam ser prejudicadas” alertam.

Fonte: Monitor Mercantil - RJ

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