Paralisação de operários afeta obras do PAC
Manifestações recentes atingiram inclusive obras do Minha Casa, Minha Vida
25 de março de 2011 - Pelo menos cinco grandes obras de infraestrutura incluídas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) foram paralisadas nas últimas duas semanas por protestos de trabalhadores. O número de operários parados foi de quase 80 mil.
Operários do Ceará ameaçam paralisar também, na semana que vem, obras da transposição do rio São Francisco e da ferrovia Transnordestina no Estado.
Manifestações recentes atingiram inclusive obras do Minha Casa, Minha Vida no Maranhão, que pararam durante nove dias em janeiro.
Atualmente, além das usinas de Jirau e Santo Antônio (Rondônia), as obras da refinaria Abreu e Lima e da Petroquímica Suape (Pernambuco) e da termelétrica de Pecém (Ceará) estão paradas.
Em Suape, os operários reclamam de horas extras e vale-alimentação.
Para o presidente do sindicato da categoria em Pernambuco, Aldo Amaral, as manifestações estão relacionadas também à explosão da indústria da construção civil.
Segundo ele, grande parte dos funcionários já trabalhou em outros Estados e passa agora a exigir os mesmos direitos. "Se são as mesmas empresas que fazem as obras em todo o país, por que os direitos trabalhistas não são os mesmos?"
Na termelétrica de Pecém, os trabalhadores deflagraram uma greve sem mediação do sindicato no dia 14. Entre as reivindicações, estão a melhoria das áreas de lazer e a substituição dos banheiros químicos.
Transformação
Para o diretor de economia do Sinduscon-SP (Sindicato das Indústrias da Construção Civil), Eduardo Zaidan, os protestos são consequência de um novo momento da construção civil no país.
"São grandes obras, com um grande contingente de trabalhadores, em regiões que não tinham obra nenhuma há cinco anos", afirma.
"Numa hora dessas, você começa a contratar gente que não está acostumada com a dureza da construção civil."
A diretora de relações do trabalho do Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada), Renilda Cavalcanti, diz que o trabalhador está cada vez mais exigente e com mais poder de barganha, graças à falta de mão de obra qualificada.
"O operário diz: sou eu ou eu. E cruza os braços."
Para ela, porém, as greves nem sempre têm motivações claras, como no caso das usinas em Rondônia. "Não há uma pauta específica", diz ela, que aponta conflitos sindicais e motivações políticas como estopins.
Na próxima semana, reunião entre centrais sindicais e as principais construtoras do PAC, mediada por Ministério Público do Trabalho e governo federal, deve firmar protocolo de direitos trabalhistas para empreendimentos incluídos no programa.
Fonte: Folha de São Paulo