Parque Antarctica fecha, mas arena ainda é papel
Pendências burocráticas dificultam o início das obras
24 de maio de 2010 - O torcedor do Palmeiras que atravessar os portões do Parque Antarctica hoje após o jogo contra o Grêmio vai olhar para trás sem saber a data do reencontro com sua "casa" -informação que nem a diretoria consegue cravar com convicção.
Em teoria, será o último jogo oficial do time em seus domínios antes de o estádio virar um canteiro de obras e transformar-se em uma arena multiuso. O prazo de entrega previsto: dezembro de 2012.
Na prática, porém, o maquinário só começará a remodelar os "jardins suspensos" se o clube resolver dois problemas, um documental e outro político.
Segundo o assessor especial do clube, Antonio Carlos Corcione, que lida com a parte jurídica do processo, ainda existem duas pendências burocráticas.
Como a obra requer a derrubada de algumas árvores, o Palmeiras é obrigado a replantá-las em locais a serem determinados pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. "Ela precisa dizer quantas e onde", diz Corcione.
Isso, de acordo com o dirigente, ocorrerá dentro do programado -a WTorre, empresa responsável pela reforma do estádio, espera começar o serviço até 15 de junho. Com o aval da secretaria até esse dia, o assunto estará resolvido.
Outra questão são as certidões negativas de débitos. Basicamente, o Palmeiras tem de comprovar que determinadas dívidas federais já estão contempladas na Timemania, a loteria criada pelo governo para sanar os rombos dos clubes.
"Vamos mostrar isso ao juiz. Creio que em dez dias teremos a certidão", diz Corcione.
De posse das certidões, Palmeiras e WTorre poderão, enfim, assinar o contrato de cessão de uso do espaço, que dará à empresa o direito de explorar a arena por 30 anos antes de "devolvê-la" às mãos do clube.
"A minuta do contrato já está pronta, redondinha. As obras começarão imediatamente depois da assinatura", afirma o diretor de planejamento palmeirense e coordenador do comitê gestor da arena, José Cyrillo Jr.
Ele sabe, porém, que o problema não é só esse. Pensando como engenheiro, Cyrillo está tranquilo quanto aos trâmites do projeto. Levando em conta a briga política dentro do clube, ainda é cedo para comemorar.
Isso porque o grupo oposicionista já se arma nos bastidores para interromper o processo.
"Nossos advogados acham que não tem justificativa jurídica. Mas, se conseguirem um mandado na Justiça, a obra não começa, enquanto a briga se arrastar", adverte Cyrillo.
Ou seja, hoje a torcida poderá assistir tanto ao adeus do goleiro Marcos ao Parque Antarctica quanto à continuação da disputa pelo poder que tem minado o Palmeiras fora de campo. Nesse caso, a despedida terá ares de um mero "até breve".
Fonte: Folha de S. Paulo - SP