Pesquisa aponta investimentos de R$ 1,68 trilhão em obras até 2017
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Compilação analisa os aportes financeiros públicos e privados em oito setores da economia
01 de novembro de 2012 - O Brasil vive um momento contraditório na infraestrutura. Por um lado, os investimentos cresceram 73,5% entre 2007 e 2011, e neste ano, com os diversos anúncios de aportes financeiros bilionários para as mais variadas áreas desse segmento, a expectativa é que a alta seja de 17,6% em relação ao ano passado. Por outro lado, as obras do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) concluídas até junho representam apenas 29,8% do total estimado para até 2014, que é de R$ 708 bilhões. Além disso, a relação entre o investimento em infraestrutura e o Produto Interno Bruto (PIB) está caindo desde 2009. Para este ano, a expectativa é obter um índice de apenas 2%, o que leva o País a ter indicadores de qualidade de infraestrutura inferiores a diversos países, como o Chile e a Colômbia.
Essa análise está inserida na pesquisa Principais Investimentos em Infraestrutura no Brasil até 2017, que compilou informações de cerca de 1200 fontes primárias e secundárias para apresentar as perspectivas de oito setores da economia, suas principais obras e aportes financeiros. Encomendado pela Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção, o levantamento, que aponta 11.533 obras, cujo montante estimado é de R$ 1,68 trilhão, está sendo apresentado no III Sobratema Fórum Brasil Infraestrutura – Tecnologia e Inovação, evento realizado nesta terça-feira (30), no auditório da Fecomercio, em São Paulo.
O segmento da economia que responde pela maior fatia desse investimento é o de óleo e gás, com 43%. A área de Exploração e Produção (E&P) representa 75% do montante geral para esse setor que é de R$ 724 bilhões. A representatividade da exploração e produção do petróleo em onshore vem caindo desde os anos 90 e, em 2010, chegou a 10,7%. A produção offshore responde por 89,3%.
O trem de alta velocidade (TAV) ainda é a obra de maior visibilidade e valor, na ordem de R$ 33,1 bilhões, na área de transporte. Os investimentos para esse segmento chegam a R$ 397,59 bilhões até 2017, sendo que 30% desse montante estão destinados aos portos e hidrovias, 26% em ferrovias, e 18% em rodovias. O setor é considerado estratégico para a manutenção da competitividade no Brasil porque a qualidade da malha logística pode implicar em custos adicionais para toda cadeia produtiva. Em 2011, o investimento do governo federal foi de apenas R$ 12,8 bilhões.
Segundo a pesquisa realizada pelas empresas CriActive e e8 inteligência, o setor energético movimenta investimentos de R$ 216,61 bilhões, com destaque para obras de geração de energia, que representam 89% desse montante. A projeção de crescimento da demanda de energia elétrica nos próximos 10 anos é de 4,5% ao ano, conforme avaliação da Empresas de Pesquisas Energéticas.
A área de saneamento representa um dos grandes desafios para o País. Somente 0,2 do PIB é investido nesse segmento. Por isso, a coleta de esgotos atinge 46,2% da população e apenas 37,9% do esgoto coletado recebe algum tipo de tratamento. Até 2017, esse segmento deve ter investimentos de R$ 92,3 bilhões, valor ainda insuficiente para universalizar o sistema de escoamento e tratamento de esgoto.
O programa Minha Casa Minha Vida tem apresentado a maior taxa de execução de obras do PAC neste ano, com R$ 129,3 bilhões. Esse montante inclui a infraestrutura de habitação e a edificação. Os investimentos previstos apenas para a infraestrutura de habitação até 2017 são de R$ 9,33 bilhões. O setor industrial deverá apresentar aumento de 8,9% em termos de investimentos no período de 2012-2015 ante a 2007-2010. Esse percentual é menor do que o crescimento econômico do País registrado no período, uma vez que vários setores industriais brasileiros vêm perdendo competitividade frente aos competidores externos e sentindo os efeitos da crise internacional. No caso das obras da indústria, a pesquisa da Sobratema estima que sejam investidos R$ 182,4 bilhões até 2017.
A infraestrutura esportiva também está contemplada na pesquisa Principais Investimentos em Infraestrutura no Brasil até 2017. As arenas, estádios e instalações para a Copa do Mundo 2014 e Jogos Olímpicos de 2016 terão investimentos totais de R$ 11,14 bilhões. O setor de hotéis e resorts, que está sendo impulsionado pelos eventos esportivos, deve receber aporte de R$ 39,3 bilhões.
Fonte: Sobretema