Pesquisadores desenvolvem concreto neutro em carbono
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
O protótipo, premiado com o Prêmio Obel 2022, foi criado por dois estudantes de doutorado do Imperial College London, em Londres
Hoje, o segmento da construção civil é responsável por 38% de todas as emissões de CO2 relacionadas à energia, segundo relatório da ONU (Foto: Helene Sandberg/Reprodução)
10/11/2022 | 13:21 – Dois estudantes de doutorado do Imperial College London, em Londres, desenvolveram um concreto neutro em carbono, que pode amenizar uma das adversidades mais preocupantes da construção civil — o impacto ambiental. Sam Draper e Barney Shanks, que ganharam o Prêmio Obel 2022 por conta da inovação, apelidaram a novidade de Seratech.
Hoje, o segmento da construção civil é responsável por 38% de todas as emissões de CO2 relacionadas à energia, segundo relatório da ONU — dados que são preocupantes, na visão de especialistas. Em uma alternativa de amenizar esses dados, os pesquisadores descobriram um método simples de eliminar a pegada de CO2 do concreto. Eles substituíram parte do teor de cimento do concreto por um tipo de sílica, criada com dióxido de carbono (CO2) e absorvida de chaminés das fábricas.
“A tecnologia captura as emissões industriais de CO2 diretamente das chaminés e produz um material de substituição de cimento negativo em carbono, uma sílica”, explica a dupla em comunicado à imprensa.
Ainda assim, existe uma proporção máxima permitida para a substituição do cimento — somente 40% do material pode ser modificado. Todavia, o Seratech não deixa de ser neutro em carbono por causa disso, já que o armazenamento de CO2 é maior no concreto do que na produção de cimento, mantendo-o um material neutro.
“Embora ainda em ‘nível de laboratório’, o ponto forte da tecnologia é que as matérias-primas utilizadas para os produtos da Seratech – CO2 residual e olivina mineral – são naturalmente abundantes em todo o globo e que a solução se integra aos processos existentes e aos equipamentos utilizados na produção de concreto”, prossegue o comunicado à imprensa.
A dupla defende que o produto é de baixo custo e tem grande potencial para a construção de baixo carbono, podendo, inclusive, ser implementado em todas as fábricas de cimento do mundo sem grandes mudanças nas práticas. “É uma honra receber o Prêmio Obel. Essa visibilidade nos ajudará a atrair pessoas na indústria e dimensionar nossa tecnologia. A humanidade não pode se dar ao luxo de gastar 20 a 50 anos ampliando a tecnologia para nos fornecer materiais sustentáveis. Precisa ser agora”, afirmou Sam Draper, ao receber o prêmio.
O júri, por sua vez, destacou que “é necessário encorajar ideias ambiciosas e interdisciplinares que não forneçam apenas uma solução temporária ou de pequena escala, nem uma grande mudança irreal nas práticas atuais”.
Fundado em 2019, o Prêmio Obel é concedido anualmente pela Fundação Henrik Frode Obel para homenagear obras ou projetos dos últimos cinco anos que tiveram “excelentes contribuições arquitetônicas para o desenvolvimento humano em todo o mundo”. A cada ano o foco é diferente, sendo que o deste ano são as emissões incorporadas. Em 2021, o projeto vencedor foi o Centro Anandaloy, projetado pela arquiteta Anna Heringer.