Plano habitacional já melhora o resultado das construtoras
Segundo a Caixa Econômica Federal, o crédito imobiliário atingiu R$ 30,7 bilhões até setembro
12 de novembro de 2009 - O crescimento da economia no terceiro trimestre está movimentando o mercado imobiliário, impulsionado também pelo programa "Minha Casa, Minha Vida" e pela retomada dos investimentos em imóveis residenciais e comerciais.
Por conta do programa de habitação do governo federal, a Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI), subsidiária do grupo Camargo Corrêa, viu suas vendas saltarem 300%.
"Sentimos uma retração das vendas de 2008 para 2009: de 500 unidades por mês para 150. Com o programa, em abril, subimos as vendas para 550. Hoje não tenho mais nada em estoque, aumentei as vendas em 300%", afirma Henrique Bianco, presidente da HM Engenharia, construtora adquirida pela CCDI para atuar no segmento de baixa renda.
A empresa tem 4.737 unidades contratadas pelo programa "Minha Casa Minha Vida", com entrega prevista para dezembro deste ano. Até o ano que vem, pretende lançar mais 23 mil unidades no Estado de São Paulo (região metropolitana de Campinas e Grande São Paulo).
A Brookfield Incorporações anunciou ontem a aprovação do empreendimento Vila do Rio, no Rio de Janeiro, pelo programa "Minha Casa, Minha Vida". É o primeiro da empresa a ser aprovado pelo programa federal no Rio de Janeiro. Ao todo, o município terá 46 mil moradias populares licenciadas pelo programa.
De acordo com comunicado da empresa, o empreendimento terá 312 apartamentos, será lançado em dezembro e a entrega dos imóveis se dará em 2012.
Segundo a Caixa Econômica Federal, o crédito imobiliário atingiu R$ 30,7 bilhões até setembro, superando em 79,3% o do mesmo período do ano passado. No terceiro trimestre, foram R$ 13,2 bilhões, valor 94% maior do que o registrado no ano passado.
Resultados
A Even apresentou forte alta no lucro do terceiro trimestre, de 152%, somando R$ 51,9 milhões no terceiro trimestre. As vendas contratadas alcançaram R$ 435 milhões no período, sendo R$ 202 milhões provenientes de estoques que a companhia não estava conseguindo comercializar no início do ano, dando sinais de recuperação. A companhia encerrou o trimestre com R$ 283 milhões em caixa.
Mesmo vendendo menos que no terceiro trimestre do ano passado, a Tecnisa registrou lucro de R$ 32,6 milhões no terceiro trimestre, o que corresponde a um aumento de 119,9% sobre os R$ 14,8 milhões apurados em igual período de 2008. A receita líquida cresceu 54,4%, para R$ 195,3 milhões. O volume geral de vendas (VGV) caiu 71% no trimestre, para R$ 121,4 milhões, graças à alta de 121% no valor médio do metro quadrado.
A empresa também registrou queda de 49% em seu caixa em relação a setembro de 2008 e recuou 26% sobre junho deste ano, para R$ 68,9 milhões. "A conclusão de operações financeiras, em negociação, devem nos auxiliar a alcançar o patamar de lançamentos previsto para o ano que vem, de R$ 2 bilhões", comentou Carlos Alberto Júlio, diretor presidente da Tecnisa até janeiro, quando será substituído por Meyer Joseph Nigri, fundador da companhia.
Comercial
O reaquecimento dos mercados de escritórios e galpões logísticos trouxe alta aos resultados da Cyrela Commercial Properties (CCP), que obteve no terceiro trimestre de 2009 lucro líquido de R$ 14,5 milhões, 17,4% superior ao registrado no trimestre anterior. Nos nove meses acumulados de 2009, em relação ao mesmo período de 2008, o lucro líquido foi 61% superior: R$ 39 milhões.
"Esse crescimento é decorrente do incremento do portfólio, da diminuição da vacância dos empreendimentos e do aperfeiçoamento da gestão", afirma Bruno Laskowsky, presidente da CCP.
A vacância física (indicador que mede a área não ocupada por inquilinos) total do portfólio teve queda de 11,4% para 3,1% da área locável total da companhia, na comparação entre o terceiro trimestre e o anterior. Isto se deu graças à locação de todos os galpões e à locação e venda de algumas unidades do empreendimento Londres na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
A companhia também sente a valorização dos projetos imobiliários comerciais, industriais e de escritórios no Rio de Janeiro por conta da realização dos Jogos Olímpicos de 2016.
A CCP, que já desenvolve escritórios corporativos e um shopping center na Barra da Tijuca, acaba de firmar um contrato de joint venture que prevê investimentos de US$ 400 milhões com o BRComprop Development JV Private Limited, uma afiliada do GIC Real Estate, braço imobiliário do governo de Singapura e com a CPPIB US RE-A,Inc, subsidiária do fundo de pensão canadense Canada Pension Plan Investment Board. "A expectativa é entregar o Shopping Metropolitano antes do início das Olimpíadas", diz Dani Ajbeszyc, diretor da CCP.
A retomada dos investimentos em imóveis residenciais e comerciais, graças ao crescimento da economia e ao impulso dado pelo programa "Minha Casa, Minha Vida", fez com que triplicasse o lucro da Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário e também melhorou o balanço de outras empresas do setor, como Even, Tecnisa, Brookfield e Cyrela Commercial Properties.
Fonte: DCI