Pobreza das famílias da construção caiu 50% de 2003 a 2009
Segundo pesquisa da FGV apresentada esta manhã em Seminário do SindusCon-SP, Brasil é o único país dos Bric cuja desigualdade de renda está caindo
05 de setembro de 2011 - De 2003 a 2009, o índice de pobreza das famílias brasileiras com trabalhadores que atuam na construção caiu cerca de 50%. Isto se insere no cenário geral em que o Brasil, diferentemente da Rússia, da Índia e da China, viu sua desigualdade de renda cair. As informações foram dadas em 2 de setembro pelo economista e professor da FGV Marcelo Neri, no seminário "Novos Caminhos para a Capacitação e Qualificação Profissional de Mão de Obra na Construção Civil", realizado pelo SindusCon-SP em parceria com a Fiesp e o Senai-SP, no 5º Concrete Show, em São Paulo.
Ao falar no painel "Novas perspectivas da mão de obra na construção civil", o economista mostrou dados de uma pesquisa realizada pela FGV em conjunto com o Instituto Votorantim, constatando que houve uma mudança no pensamento e na situação dos trabalhadores da construção.
Ele atribuiu a escassez de mão de obra no setor também como consequência do desenvolvimento e da elevação do nível de educação das famílias da construção civil. "O jovem de origem humilde que passou a estudar nos últimos 20 anos não quer o trabalho braçal realizado nos canteiros de obras, ou seja, se a educação melhorar, este problema irá se agravar", ressaltou Neri.
Ele também analisou a importância dos cursos de capacitação na construção civil. Dos trabalhadores que atuam nos canteiros de obras, apenas 17,8% frequentaram cursos de capacitação profissional. "A cada três profissionais, dois se mantêm no setor e por este motivo a qualificação é uma excelente oportunidade de abaixar esta rotatividade da mão de obra da construção e atrair cada vez mais trabalhadores", afirmou o economista. A pesquisa também mostrou que a escolaridade do trabalhador da construção, embora tenha melhorado, ainda é 25% menor que a de profissionais de outros setores da economia brasileira.
Na abertura do seminário, o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, destacou que os novos processos construtivos exigem uma mão de obra qualificada. "É preciso promover a qualificação de toda cadeia da construção, que apresenta grande crescimento e necessita expandir seu contingente. Só nos últimos sete anos, o setor contratou mais de 1,5 milhão de trabalhadores, alcançando a marca de 3.026.011 profissionais ativos em 2011", afirmou.
Na mesma linha, o vice-presidente de Relações Capital-Trabalho, Haruo Ishikawa, defendeu a necessidade de se qualificarem não apenas os profissionais iniciantes, mas também os engenheiros, mestres e encarregados de obras: "São eles que vão liderar a introdução das novas técnicas construtivas, mais industrializadas", destacou.
Fonte: Sinduscon - SP