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Pré-sal e expansão do porto elevam preço de imóvel em Santos

Texto: Redação AECweb

Cidade vive desenvolvimento paralelo com boom do café, na virada do século XIX para o XX

16 de setembro de 2010 - Puxada pela expansão do maior porto da América Latina e pela expectativa do início da exploração comercial do pré-sal, Santos está vivendo um desenvolvimento econômico que só encontra paralelo com o boom do ciclo do café, que, na virada do século XIX para o XX multiplicou por 10 o número de habitantes e enriqueceu gerações. O principal - mas não único - emblema dessa nova fase é visível a olho nu. Trata-se do investimento pesado na construção civil e na valorização imobiliária.

Desde 2008 foram aprovados 87 empreendimentos de grande porte que correspondem a mais de 1,7 milhão de metros quadrados. Atualmente, há 37 outros processos em andamento, visando aprovação na prefeitura. No caso dos terrenos, o galope é ainda maior, com valorização anual de 50% nos preços. Como Santos é uma ilha, vive à beira do esgotamento de áreas disponíveis. "Hoje qualquer terreno é valorizado aqui", diz o empresário Luis Carlos Rodrigues, da Omega Imobiliária . Pura questão de demanda - de olho no filão e com dinheiro em caixa depois de abrirem capital na Bolsa de Valores, praticamente todas as grandes construtoras e incorporadoras desembarcaram na cidade.

Segundo pesquisa encomendada pela Odebrecht, a estimativa é de que a Baixada Santista receba investimentos de quase R$ 45 bilhões entre públicos e privados nos próximos anos. E Santos responderá por 79% desse montante - R$ 21 bilhões públicos e R$ 14 bilhões privados. "O que estamos vendo em Santos é o reflexo de um investimento brutal. A reboque da Petrobras, vem toda uma cadeia de investimentos, sem falar na pujança do porto que bate recordes atrás de recordes. Isso traz uma nova realidade para a cidade, que vinha num processo de estagnação até 2007, 2008", diz o diretor de incorporação da Odebrecht Realizações, Marcello Arduin.

A empresa lançou o primeiro empreendimento residencial há dois meses com 87% vendido. Em novembro inaugura um prédio comercial multiuso. Será o que se chama de projeto triple A que, segundo o executivo, poderia estar na Berrini, em São Paulo, por exemplo. O primeiro prédio institucional de alto padrão em Santos foi inaugurado em 2009, pelo armador MSC. "Estamos prospectando mais R$ 500 milhões na região. A permanência da Odebrecht na cidade é uma demanda dos nossos acionistas", diz Arduin.

De acordo com Rodrigues, a orla da praia ainda exerce grande fascínio, porém não há mais terrenos. Com a escassez de espaço, os preços continuam subindo. Um exemplo é na Rua Castro Alves, no Embaré, a duas quadras da praia. Em 2008 a Omega vendeu uma área cujo metro quadrado estava em R$ 2 mil. Há um mês fechou um negócio na mesma rua para a mesma construtora com valorização de 100%. Com esse preço, o metro quadrado construído custará no mínimo R$ 6 mil. "A questão é: existe mercado para tudo isso?", questiona Rodrigues. O delegado regional do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Carlos Manoel Ferreira, aposta que sim. Levantamento da instituição aponta que em cinco anos devem migrar 12 mil pessoas para Santos, universo composto por profissionais com altos salários. É gente para trabalhar na Petrobras, mão de obra especializada para o porto, e profissionais que buscam melhor qualidade de vida ou a casa de praia num município com boa infraestrutura.

Do total de empreendimentos em construção, 70% é de alto padrão. Há 10 anos existiam em Santos pouquíssimos apartamentos de R$ 1,5 milhão, em valores atualizados. Hoje, isso é recorrente. Dono de uma imobiliária, Ferreira está comercializando um prédio de alto padrão, cujos apartamentos têm quatro suítes e cinco garagens. No lançamento, há 20 meses, a unidade mais barata custava R$ 1,8 milhão. Hoje vale R$ 2,6 milhões. Dos 25 apartamentos, 23 estão vendidos. "A taxa de valorização anual dos imóveis é de 30%", calcula.

Também a região Central está em alta. Antes de a Petrobras anunciar a instalação de sua sede na região do Valongo, o metro quadrado valia R$ 1 mil, hoje, está em R$ 10 mil, afirma Rodrigues.

O secretário de Planejamento de Santos, Bechara Abdalla Pestana, avalia que há ofertas de terrenos na parte intermediária e central da ilha, mas os investimentos dependem do processo de "renovação urbana": a incorporação de pequenos lotes. Outra ação é induzir a ocupação em regiões mais periféricas, para regular melhor a relação de oferta e demanda. "Estamos numa fase de reavaliação do plano diretor, que privilegiará a sustentabilidade do empreendimento."

Para o pesquisador e coordenador do Programa de Mestrado em Direito da Universidade Católica de Santos, Alcindo Gonçalves, não é só em Santos que o setor imobiliário expandiu. "Há que se entender a conjuntura do crescimento econômico do país como um todo nos últimos anos. O volume de crédito imobiliário de longo prazo aumentou muito e, uma vez capitalizadas, as grandes construtoras puderam comprar terrenos à vista, o que não ocorria em Santos". Esse cenário somado a um período de represamento ajuda a explicar o boom. Desde 1993, quando teve início o processo de privatização portuária, a iniciativa privada investiu aproximadamente US$ 3 bilhões em novos terminais.

Fonte: Valor Econômico - SP

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