Preço de imóveis novos sobe até 81% na capital paulista
Economia aquecida, crédito farto, prazo maiores e juros menores elevam cotação de apartamentos na cidade
29 de novembro de 2010 - Com crédito disponível e economia aquecida, os preços dos imóveis novos na cidade de São Paulo dispararam neste ano. O metro quadrado dos lançamentos teve alta de até 81% de janeiro a outubro ante 2009.
Foi o caso dos apartamentos residenciais localizados na Bela Vista, no centro da capital paulista, cujo metro quadrado custa R$ 8.043.
Na média do município, a valorização foi de 29% -de R$ 4.084 no ano passado para R$ 5.272 em 2010 o m².
"O preço, historicamente, acompanha os índices de inflação, como o IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo] e o INCC [Índice Nacional de Custo da Construção]. Neste ano, porém, houve um descolamento, apontando para a valorização dos imóveis", diz Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP (sindicato da habitação).
O IPCA, índice oficial de inflação do governo, subiu 4,38% no ano, até outubro. Já a alta do INCC no mesmo período é de 6,34%.
O levantamento, feito pela empresa de pesquisas imobiliárias Geoimovel a pedido da Folha, mostra que, de um total de 50 bairros que tiveram lançamentos em 2009 e em 2010, 46 apresentaram alta nos preços.
Naqueles em que houve queda, a consultoria a atribui à "readequação dos preços" ou à "venda de unidades de padrão mais baixo".
A pesquisa compara os preços médios de 2009 e nos dez primeiros meses de 2010.
Após a Bela Vista, a maior alta, de 73,74%, ocorreu na Vila Maria (zona norte).
O preço médio mais alto é encontrado em Moema (zona sul), onde um lançamento é vendido, em média, por R$ 10.513 o m2. Na região, um imóvel com 100 m2 custa R$ 1,05 milhão.
Causas
Celso Amaral, diretor da Geoimovel e da Amaral DAvila Avaliações, diz que vários fatores influenciaram na alta de preço.
"O mercado ficou muito tempo "andando de lado". Agora, o cenário é positivo: há estabilidade macroeconômica e jurídica; não há perspectiva de desemprego; e o crédito ficou mais acessível, com juro menor e prazo maior. Vários fatores ajudaram a aquecer o mercado."
Para Amaral, não há espaço para novas valorizações. "Os preços estão em patamar elevado e já não há como haver novos aumentos relevantes. A valorização foi desproporcional em relação à alta da renda da população."
Para ele, as altas de preços ocorrerão só "em determinados produtos, em que haja demanda específica, mas isso não será generalizado".
Cautela
Petrucci também indica cautela para quem crê que o ritmo de alta se manterá.
"Não é porque os imóveis se valorizaram em 40%, em 50% nos últimos anos que isso ocorrerá novamente."
Ricardo Almeida, professor do Insper, não vê perspectivas de queda, mas descarta a possibilidade de uma "bolha imobiliária".
"O mercado está atendendo a uma demanda reprimida, ainda há espaço para o crédito aumentar e há expectativa de que a economia siga com crescimento forte. Como não há nenhuma perspectiva de retração econômica, não há perspectiva de queda."
Fonte: Folha de S. Paulo - SP