Prédios criam rede privada de segurança
Empresários do setor da construção, condomínios e polícia elaboram sistema de comunicação contra avanço de arrastões
11 de fevereiro de 2011 - Preocupados com a escalada de invasões a condomínios residenciais em São Paulo, empresários do setor da construção civil estão organizando uma rede de proteção particular para evitar assaltos. O modelo foi discutido ontem entre o Sindicato da Habitação (Secovi) e a cúpula do Departamento Estadual de Investigação sobre o Crime Organizado (Deic). E deve ser debatido também com a Polícia Militar ainda neste mês.
A proposta segue modelo adotado no Recife. Lá, segundo dados do Secovi de Pernambuco, a rede de proteção tem sete anos e 1,2 mil adeptos. Mas a entidade não tem dados sobre redução no número de invasões a prédios.
A ideia é que prédios de um mesmo bairro ou quarteirão tenham um rádio comunicador de canal único para que todos ouçam se o funcionário de um condomínio enviar uma mensagem. Assim, eles trocariam informações e alertas sobre suspeitos na rua ou movimentações estranhas. Na pior das hipóteses, no caso de um assalto, os condomínios vizinhos do prédio invadido poderiam acionar a polícia.
Avaliação
O plano ainda depende de uma reunião entre administradores de condomínios, marcada para a semana que vem. O Secovi espera a candidatura de um bairro voluntário para começar um projeto-piloto.
"Hoje não são só os condomínios de luxo que são alvos. (O bairro para começar) poderia ser Moema, Morumbi, (na zona sul), Mooca ou Tatuapé (na zona leste). Comprovada a utilidade (da rede), todo mundo vai fazer", avalia o vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi de São Paulo, Hubert Gebara.
Custo. Outra proposta seria a instalação de câmeras integradas para que uma portaria pudesse ver a outra. "Ou, ainda, instalar as câmeras do meu prédio para filmar a entrada do seu e você, a do meu", diz Gebara. "Mas, para isso, a gente teria de calcular os custos." Se a rede for baseada apenas em conversas de rádio, o custo de implementação do projeto seria pequeno, segundo o Secovi.
No Recife, o custo para cada condomínio aderir ao programa, que tem apoio logístico da Secretaria de Estado da Defesa Social (que desempenha as mesmas funções da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo), é de R$ 139 por mês - dividido entre todos os moradores.
Projetos parecidos estão em andamento em São Paulo. De acordo com o comerciante Marcelo Caselato, de 44 anos, que sugeriu a iniciativa de colocar placas com a inscrição "Meu Vizinho Está de Olho" na Vila Romana, zona oeste, a iniciativa do Secovi é boa e funciona, como por exemplo, em Perdizes. Para Caselato, todos os porteiros de lá se comunicam quando percebem ações suspeitas na rua e, com isso, podem evitar crimes.
"No caso das placas do nosso bairro, já tem gente de regiões como o Butantã nos procurando, querendo detalhes do projeto", conta o comerciante, ao estimar que cerca de 500 casas da Vila Romana já tenham colocado as placas.
O Secovi foi recebido ontem pelo diretor do Deic, Nelson Silveira Guimarães, e por três delegados. A polícia informou que Guimarães não poderia comentar o plano ontem porque estava em reunião.
Fonte: O Estado de S. Paulo - SP