Problemas atrasam empreendimentos em 17 meses
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Resultado aparece no estudo encomendado pela CBIC, Abrainc (Associação das Incorporadoras) e Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade (CGDC)
07 de outubro de 2013 - O tempo gasto pelas empresas em todas as etapas de realização de um empreendimento imobiliário poderia ser 17 meses menor se os gargalos que atrapalham o setor fossem eliminados. A constatação aparece nos primeiros resultados da pesquisa “Principais Barreiras Reguladoras e Burocráticas para o Desenvolvimento do Setor Imobiliário Brasileiro”.
Elaborada pela consultoria Booz & Company e encomendada pela CBIC, Abrainc (associação das incorporadoras) e Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade (CGDC), o estudo foi divulgado no 85º Enic (Encontro Nacional da Indústria da Construção) em Fortaleza (CE).
Segundo Luiz Vieira, sócio da consultoria, a pesquisa realizada com empreendedores de todo o país detectou que o tempo médio gasto em um empreendimento típico do setor via SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) é de 57 meses. Se os gargalos fossem eliminados, esse prazo poderia baixar para 40 meses. No entanto, num cenário pessimista, no qual “tudo dá errado”, poderia subir para 79 meses.
Vieira disse que os gargalos detectados são referentes a: Plano Diretor e zoneamento; concessionárias; licenças ambientais; contrapartidas; aprovação pela prefeitura; registro da incorporação; habite-se; e repasse. “As licenças ambientais não deixam as competências de governo claras e as contrapartidas têm sido usadas para algo que vai muito além do empreendimento”, afirmou.
Para ele, um dos reflexos dessa situação é o aumento de 0,6 ponto percentual no VGV, para manter a taxa de retorno que o setor demanda por conta do risco maior incorrido. “Estamos falando de mais de R$ 12 bilhões desperdiçados por conta disto.”
Visão estratégica - Jorge Gerdau, presidente do CGDC, afirmou que o governo precisa retomar uma visão estratégica de planejamento. “O governo não discute estratégia. Precisamos planejar onde queremos chegar, ou iremos ficar apagando incêndio eternamente.”
Ele comentou que “o empresário fixa-se no fator custos, mas o pior custo é a não realização do resultado. Quando atraso, custa o dobro porque tenho o custo do capital não realizado e também o do capital não reinvestido ou que não esteja rendendo.” Para Gerdau, o país só vai avançar quando melhorar a produtividade e a eficiência. “Só a mobilização da sociedade civil vai ajudar a mudar o país.”
Paulo Afonso Ferreira, vice-presidente da CNI e presidente da Comissão de Assuntos Legislativos da entidade, apontou como um dos gargalos do país a própria cultura nacional que “demoniza a terceirização como se fosse precarização do trabalho”.
Gargalo dos cartórios - Para Rubens Menin, presidente da MRV Engenharia, qualificou como sendo o principal inimigo do setor a estrutura cartorial do país, que mantém suas origens lusitanas. “É muito difícil mudar isso. Hoje as empresas têm R$ 10 bilhões parados apenas no processo burocrático, aguardando aprovação. Isso daria para construir 1.000 moradias populares e gerar 250 mil empregos”, disse. Segundo Menin, temos os três fundamentos necessários para crescer: demanda, crédito e renda. “O nosso maior inimigo é a burocracia. Precisamos atacá-la com inteligência e de maneira conjunta, se não será difícil vencer”.
Segundo José Urbano Duarte, vice-presidente de Governo da Caixa, o pessimismo sobre a economia está generalizado, mas a realidade é outra. “Não conseguimos alinhar as iniciativas para fazer as coisas acontecerem, mas o que vemos hoje são apenas as dores do crescimento. O nosso mercado de crédito imobiliário quadruplicou de tamanho em poucos anos”, observou. E destacou que a Caixa tem técnicos em todas as cidades do país com mais de 100 mil habitantes para detectar problemas locais na concessão de crédito.
Fonte: Sinduscon-SP