Profissionais da construção ganham reajuste
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Perspectiva é que as empresas busquem alternativas para garantir os salários aos trabalhadores
24 de maio de 2013 - Os trabalhadores da construção civil do de mais de 35 cidades do paulista terão aumento salarial de 8,99%, com data base em 1º de maio, informou ontem (23) o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), presidido por Sérgio Watanabe, e pela Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de São Paulo (Feticom-SP).
A perspectiva agora é que as empresas busquem alternativas para garantir os salários aos trabalhadores. Para Reginaldo Lemos, diretor de recursos humanos da Construtora Azul, de Americana, explica que o reajuste foi alto, mas eles não encontrarão dificuldades em seguir as novas regras. "O negócio está indo bem, e nós precisamos desse tipo de incentivo dentro dos canteiros".
O executivo, no entanto, prevê que algum orçamentos precisarão ser revistos dentro da empresa. "Uma alta dessa ficou a cima do crescimento no faturamento da empresa, que girou em torno de 6% no primeiro trimestre, então teremos que rever alguns valores em cargos mais altos dentro do canteiro de obras", detalhou.
Da mesma opinião partilha Emanuel Reis, sócio diretor da empresa de Mogi das Cruzes, Avipa. "Acredito que teremos que rever algumas folhas de pagamento e adequar algumas questões, mas nada que prejudique o grupo".
O reajuste de 8,99% em 2013 ficou acima dos 7,47% de 2012 e é o segundo maior para operários da área nos últimos cinco anos, quando o setor de construção entrou em ciclo de crescimento acelerado devido ao grande número de lançamentos imobiliários e obras em execução.
O aumento das despesas com mão de obra continuará pressionando os orçamentos e os resultados financeiros das construtoras, avaliou Haruo Ishikawa, vice-presidente de relações de capital e trabalho do Sinduscon-SP.
Ele lembrou que houve retração no volume de lançamentos de imóveis em 2012, mas as empresas ainda estão concluindo projetos lançados em anos anteriores, o que tem sustentado parte da demanda por mão de obra. "Nós continuamos contratando, tem muitas obras em execução."
No primeiro trimestre, foram criadas 76,1 mil vagas de trabalho no setor (saldo de contratações menos demissões), segundo dados apurados pelo Sinduscon-SP em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O número, porém, ficou abaixo das 123 mil vagas geradas em 2012.
Ishikawa ponderou também que, apesar do aumento nominal dos salários ter sido maior em 2013, o aumento real, já descontando a inflação setorial no período, foi menor.
"No ano passado, o aumento real foi de 2,53%. Neste ano, foi de 1,83%", disse. Segundo ele, o maior reajuste ocorreu nos benefícios ligados à alimentação.
O valor do tíquete-refeição subiu de R$ 15,00 para R$ 17,00 (alta de 13,3%), e o vale-supermercado mensal passou de R$ 150,00 para R$ 200,00 (alta de 25%). "Nós percebemos que a inflação na alimentação foi o que mais pesou entre 2012 e 2013. Por isso, era justo que houvesse um aumento maior nesses benefícios", disse.
Com o reajuste no interior de São Paulo, o piso dos trabalhadores considerados não qualificados - servente, contínuo, vigia, auxiliares de trabalhadores qualificados e demais trabalhadores cujas funções não demandem formação profissional - passa a ser de R$ 1.067,00 mensais, ou R$ 4,85 por hora, para 220 horas mensais. Para os qualificados - pedreiro, armador, carpinteiro, pintor, gesseiro e demais profissionais qualificados não relacionados - será de R$ 1.298,00 mensais, ou R$ 5,90, para 220 horas mensais. Para os demais trabalhadores qualificados em obras de montagem de instalações industriais, o piso passa a ser de R$ 1.555,40 mensais, ou R$ 7,07 por hora, para 220 horas mensais.
Fonte: DCI