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Confira como está a taxa Selic em janeiro de 2025

Texto: Vinícius Veloso

Após reunião do Copom, realizada no dia 11 de dezembro, taxa Selic foi elevada para 12,25% ao ano

Setas na frente de moedas indicando a variação da taxa selic hoje, em janeiro de 2025.O aumento em 1 ponto percentual é o maior desde fevereiro de 2022

01/01/2025 | 11:00 — A taxa Selic em janeiro de 2025 está em 12,25% ao ano — número definido pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) em reunião realizada no dia 11 de dezembro. Na ocasião, a deliberação dos diretores da entidade em elevá-la em 1 ponto percentual foi unânime.

Em junho de 2023, o Copom havia iniciado uma série de seis cortes consecutivos na Selic — movimento interrompido em maio deste ano, quando a entidade não modificou a taxa de juros do país e repetiu a decisão nos próximos outros dois encontros (junho e julho). Porém, em setembro último, o Comitê entendeu que era momento de aumentá-la para conter o crescimento nas expectativas de inflação. Já em novembro e dezembro, o Banco Central acelerou o ritmo de alta.

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No comunicado divulgado após o encontro, o Copom destaca que “diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”. Ou seja, existe a expectativa de novos aumentos de 1 ponto percentual nos encontros da entidade agendados para janeiro e março de 2025.

O aumento em 1 ponto percentual é o maior desde fevereiro de 2022, quando o reajuste foi de 1,5 ponto percentual. Ainda de acordo com o Banco Central, a magnitude desse ciclo de alta nos juros será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação.

O nível de aumento nos juros ficou acima das expectativas do mercado, que projetava uma alta de 0,75 ponto percentual da Selic. O Relatório Focus do Banco Central divulgado em 09 de dezembro previa a taxa de juros em 12% no final de 2024. Para os próximos anos, a estimativa é que a Selic seja de 13,50% em 2025, de 11% em 2026 e de 10% em 2027.

Em seu comunicado, o Copom justifica a decisão pelo fato de a economia do país estar aquecida e pelo nível de emprego em ascensão. Tal combinação cria condições para um risco inflacionário caso não aconteça um controle das contas públicas.

"Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo, com destaque para a divulgação do PIB do terceiro trimestre, que indicou abertura adicional do hiato. A inflação cheia e as medidas subjacentes têm se situado acima da meta para a inflação e apresentaram elevação nas divulgações mais recentes", pondera o comunicado do Copom.

Sobre o cenário internacional, o Comitê analisa que o ambiente permanece desafiador — muito por conta da conjuntura econômica nos Estados Unidos. "O que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do FED", prossegue a nota.

Com a Selic em 12,25% ao ano, atualmente o Brasil tem a segunda posição no ranking de nações com as maiores taxas de juros do mundo, de acordo com o relatório da MoneYou. O país está atrás, apenas, da Turquia.

Confira os cinco primeiros do ranking de juros reais:

  • Turquia — 13,33%
  • Brasil — 9,48%
  • Rússia — 8,29%
  • Colômbia — 6,46%
  • México — 5,75%

Variações recentes da taxa Selic

Data da reunião do CopomTaxa Selic (a.a.)
Dezembro de 202412,25%
Novembro de 202411,25%
Setembro de 202410,75%
Julho de 202410,50%
Junho de 202410,50%
Maio de 202410,50%
Março de 202410,75%
Janeiro de 202411,25%
Dezembro de 202311,75%
Novembro de 202312,25%
Setembro de 202312,75%
Agosto de 202313,25%
Junho de 202313,65%
Maio de 202313,65%
Março de 202313,65%

Taxa Selic x construção civil

Após a elevação da Selic para 12,25%, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) divulgou nota considerando que a decisão do Copom intensifica os desafios enfrentados pela economia brasileira. "Os juros elevados restringem o acesso ao crédito, dificultam investimentos e ampliam as despesas financeiras de famílias e empresas, com efeitos profundos em diversos setores produtivos do país, comprometendo sua sobrevivência. A medida, porém, foi necessária para reduzir a pressão inflacionária e alta do dólar", detalha.

A associação lembra que, nos últimos 12 meses, o pagamento dos juros da dívida pública foi de R$ 870 bilhões. Além disso, o aumento de cada ponto percentual da Selic eleva essa quantia em cerca de R$ 48 bilhões, de acordo com estudo do Banco Central.

Para a entidade, o cenário atual exige ações concretas para aliviar os custos estruturais da economia. "É urgente que o governo realize cortes nos gastos públicos para estabelecer um equilíbrio fiscal de longo prazo, condição imprescindível para reduzir os juros de forma sustentável", prossegue a nota.

Esses desafios são particularmente evidentes no impacto sobre as empresas, que enfrentam crescentes dificuldades para manter sua sustentabilidade financeira. Apenas em 2024, os pedidos de recuperação judicial chegaram a 1,7 mil até setembro, um aumento de 73% em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme dados da Serasa Experian.

"O equilíbrio fiscal seria condição essencial para destravar o crescimento econômico brasileiro, considerando a atual baixa taxa de desemprego (6,2%) e o expressivo crescimento do PIB (3,1%). Nesse contexto, também é fundamental a aprovação da reforma tributária para melhorar o ambiente de negócios e reduzir a informalidade, criando condições mais favoráveis aos investimentos e aprimorando ainda mais as perspectivas de geração de emprego e renda para os brasileiros.", conclui a nota da Abrainc.

Como a Selic impacta na construção civil

A Selic tem impacto direto sobre o mercado da construção civil. Sua principal influência ocorre sobre os financiamentos imobiliários, empréstimos captados por construtoras e preços dos insumos usados nos canteiros de obras. Quando a taxa permanece alta por bastante tempo, os custos dessas variáveis também tendem a subir e interferem no crescimento do setor.

As variações da Selic merecem atenção especial na construção, pois os contratos costumam ser mais longos. Quando está muito alta, por exemplo, os financiamentos imobiliários tendem a diminuir — resultando em um aumento do estoque de imóveis. Por consequência, são menos projetos lançados e menor atividade nos canteiros (com a geração de empregos reduzida).

Com isso, sempre que ocorrem movimentos de redução na Selic, o clima de otimismo e confiança cresce entre os empresários da construção civil. Afinal, quando a taxa é menor, cria-se um cenário de valorização dos imóveis e de aumento na demanda por novas unidades.

O que é a taxa Selic?

Sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, a Selic é a taxa básica de juros do Brasil — usada para balizar as operações de crédito no país. Além de influenciar nas captações de empréstimos e financiamentos, também é usada para controlar a inflação. Com impacto direto no cotidiano da população, é redefinida pelo Banco Central a cada 45 dias.

Em 2025, as reuniões do Copom estão agendadas para:

  • 28 e 29 de janeiro
  • 18 e 19 de março
  • 6 e 7 de maio
  • 17 e 18 de junho
  • 29 e 30 de julho
  • 16 e 17 de setembro
  • 4 e 5 de novembro
  • 9 e 10 de dezembro
Moedas empilhadas sobre uma mesaA Selic baliza as operações de crédito no país

Para calculá-la, o Comitê de Política Monetária do Banco Central analisa diferentes indicadores financeiros. Quando ela é reduzida, o crédito fica mais fácil e a inflação tende a cair. Por outro lado, quando o Banco Central opta por elevá-la, o oposto acontece: com os juros do crédito mais altos e os preços com tendência de redução ou estabilidade (consequência do controle da inflação).

Vale destacar que as mudanças na taxa Selic demoram entre seis e 18 meses para ter um impacto pleno na economia do país.

A taxa Selic ainda serve para balizar os valores pagos pelos títulos públicos e determinar o rendimento do dinheiro investido em diferentes carteiras.

A Selic foi criada em 1979, pelo Banco Central e pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (Andima) — atualmente Anbima. Sua concepção visava agilizar e disciplinar a venda e a compra de títulos públicos.

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