Queixas no setor de habitação crescem
Quatro cidades da RMC têm alta no número de reclamações ao Procon, que vê aquecimento no setor como causa
22 de março de 2011 - Quatro cidades da região registraram aumento no número de reclamações ao Procon em relação ao setor de habitação entre 2009 e 2010. Campinas lidera, com aumento de 156,2%, passando de 199 registros para 510 de um ano para o outro.
Representantes do Procon apontaram o crescimento do mercado imobiliário e da construção civil como um dos fatores. O sindicato que representa as construtoras afirma que houve aumento no número de vendas de imóveis, o que pode ter acarretado mais queixas.
Após Campinas, a cidade com o maior aumento é Americana. O órgão do município, que também considera reclamações por desentendimentos nos contratos de aluguéis, teve salto de 2.735 reclamações, em 2009, para 4.265 em 2010, o que representa 55,9%. Hortolândia registrou aumento de 28 para 31 registros (alta de 10,7%). Paulínia passou de nenhuma reclamação para seis, no ano passado.
Só Nova Odessa teve uma leve diminuição, de quatro queixas para três. As demais cidades não possuíam os dados ou não os informaram à reportagem.
Normal
O diretor do Procon de Americana, Fernando Feltrin, considerou o aumento na cidade normal. Em nota, ele afirmou que "somente 15% das reclamações referem-se a problemas com imóveis pós-locação".
De acordo com o coordenador do Procon de Vinhedo, Antonio Alexandre Sad Kik, o aumento na região pode ser relacionado à alta do setor de habitação. "Tem problema onde tem salto na questão imobiliária. Depende muito do perfil da cidade. Vinhedo possui hoje muitos condomínios de alto padrão e também teve aumento. Campinas também cresceu na venda de imóveis", explicou. Kik não soube informar números exatos de reclamações entre 2009 e 2010, mas deu como certo que também houve alta no município, com cerca de 30 ocorrências registradas no ano passado.
Construtoras
O diretor-regional do Sinduscon (Sindicato da Construção Civil), Luiz Claudio Amoroso, afirmou que desconhecia o aumento de reclamações envolvendo o setor e que o sindicato não tem sentido reflexos. "Acredito que não há um fato isolado para explicar isso. Mas houve muita entrega de empreendimentos nos últimos meses, além de um grande aumento no número de vendas e isso pode ter influenciado no aumento de queixas", explicou Amoroso.
De acordo com ele, reclamações em relação ao acabamento em residências já entregues são os casos mais observados pelo sindicato das construtoras.
4.265 - foi o número de queixas registradas pelo Procon de Americana ano passado
Técnico aguarda há um ano para assinar compra de apartamento
O técnico em informática Marcio Varizi, 28, aguarda há cerca de um ano para assinar contrato de compra de um apartamento da MRV Engenharia, em Americana.
Varizi disse que comprou o imóvel no início de 2010 e ficou acordado que em oito meses ele assinaria o contrato para dar andamento na aquisição do imóvel. "Quando entro em contato com a imobiliária, é sempre a mesma resposta: de que mês que vem vão ligar e nada de novo!"
O técnico relata que, no último contato, foi informado que até abril a Caixa Econômica Federal - financiadora do imóvel - vai entrar em contato com ele para que seja resolvido o problema.
"O pior de tudo é que amigos que já passaram por isso me alertaram e mesmo assim comprei na MRV. A MRV não tem o mínimo de respeito com seus clientes, no que diz respeito a informações sobre a obra. Nós clientes e compradores temos de ir em busca de esclarecimentos. É lamentável", desabafou.
Procon
Se a situação não ficar resolvida até abril, Varizi pretende dar queixa no Procon e tomar outras medidas. "Acabei conhecendo pessoas que tiveram o mesmo problema que eu. Teve uma moça que teve de desmarcar a data do casamento, pelo adiamento da entrega do imóvel", contou.
Em nota, a MRV informou que o cronograma está adiantado, que não haverá nenhum impacto na entrega e que está seguindo a data prevista em contrato. A empresa ainda afirmou que o processo para obtenção do financiamento junto ao banco está em fase final e que, após liberação, prevista para abril, o despachante credenciado da MRV acionará os clientes para assinatura dos contratos.
Fonte: Todo Dia - SP