Selic tem a maior alta desde fevereiro de 2022
Copom decide elevar a taxa de juros em 1 ponto na última reunião de 2024 e prevê novos aumentos do mesmo nível no começo do próximo ano
11/12/2024 | 20:38 — Em reunião na tarde desta quarta-feira (11), o Comitê de Política Monetária (Copom) resolveu acelerar o ritmo de elevação da Selic. De maneira unânime, os diretores da entidade decidiram por subir a taxa básica de juros em 1 ponto percentual. Assim, a Selic passou para 12,25% ao ano — patamar mais alto desde novembro de 2023. Além disso, o aumento em 1 ponto percentual é o maior desde fevereiro de 2022, quando o reajuste foi de 1,5 ponto percentual.
Essa não deve ser a última elevação da Selic, de acordo com comunicado divulgado pelo Copom após o encontro. O texto aponta para novos aumentos de 1 ponto percentual já nas próximas duas reuniões do Comitê (agendadas para janeiro e março de 2025). "Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, a entidade antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões", informa a nota.
O comunicado destaca, ainda, que o ciclo de alta nos juros será ditado pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação.
Vale lembrar que, em junho de 2023, o Copom havia iniciado uma série de seis cortes consecutivos na Selic — movimento interrompido em maio deste ano, quando a entidade não modificou a taxa de juros do país e repetiu a decisão nos próximos outros dois encontros.
Porém, em setembro último, o Comitê entendeu que era momento de aumentá-la para conter o crescimento nas expectativas de inflação. Já em novembro e dezembro, o Banco Central acelerou o movimento de alta com o mesmo objetivo de combater a inflação.
Explicações do Copom
A aceleração na alta da taxa Selic foi motivada pelo avanço da inflação no Brasil. O Copom avaliou que a economia nacional está em ascensão — movimento que pode resultar em risco inflacionário se não acontecer um controle das contas públicas.
"Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo, com destaque para a divulgação do PIB do terceiro trimestre, que indicou abertura adicional do hiato. A inflação cheia e as medidas subjacentes têm se situado acima da meta para a inflação e apresentaram elevação nas divulgações mais recentes", detalha a entidade.
O cenário internacional também influenciou na decisão, com destaque para o ritmo da desinflação norte-americana. "O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do FED", detalha a nota.
O Copom indicou, ainda, que os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. “O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, continua o comunicado.
Ranking de juros reais
Com a Selic em 12,25% ao ano, atualmente o Brasil tem a segunda posição no ranking de nações com as maiores taxas de juros do mundo, de acordo com o relatório da MoneYou. O país está atrás, apenas, da Turquia.
Confira os cinco primeiros do ranking de juros reais:
- Turquia — 13,33%
- Brasil — 9,48%
- Rússia — 8,29%
- Colômbia — 6,46%
- México — 5,75%
Próximas reuniões do Copom
O encontro desta quarta foi o último do Copom em 2024. O comitê deve voltar a se reunir já em janeiro, entre os dias 28 e 29. Confira a agenda da entidade para o ano que vem:
- 28 e 29 de janeiro
- 18 e 19 de março
- 6 e 7 de maio
- 17 e 18 de junho
- 29 e 30 de julho
- 16 e 17 de setembro
- 4 e 5 de novembro
- 9 e 10 de dezembro