Região metropolitana bate capital em imóveis
Construção Destaques ficam com Guarulhos, Diadema e São Bernardo, apontam entidades do setor
07 de março de 2012 - Enquanto a cidade de São Paulo registrou queda de 21% nas vendas de imóveis em 2011, somando 28 mil unidades residenciais novas, a região do ABCD registrou alta de 8,5% no mesmo período, com pouco mais de 9 mil unidades lançadas. O número anima empresas do setor, que começam a migrar lançamentos para fora da capital paulista de olho em mais oportunidades de negócio.
"Temos que entender que há mais demanda, mais espaço, mais condições de pagamentos e melhores preços quando saímos um pouquinho de São Paulo, e isso atrai as construtoras", explicou o presidente da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC (Acigabc), Milton Bigucci.
Em contrapartida, os dados divulgados ontem (6) pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) mostram um cenário de desaquecimento sazonal no setor. De acordo com números da entidade, em 2010 foram vendidas 35,9 mil unidades o que resultou em queda de 21% em 2011. O motivo da baixa, de acordo com Claudio Bernardes, presidente da entidade, foi a queda do Produto Interno Bruto (PIB) em relação ao ano anterior. "Em 2010, o PIB ficou em 7,5%, enquanto em 2011 a economia do País cresceu 2,7% e isso é sentido na construção", como explica.
A venda de imóveis residenciais novos na cidade de São Paulo atingiu 28,3 mil unidades em 2011, queda de 21,1% ante 2010. O montante é o menor desde 2006, quando também foram vendidas 28,3 mil unidades no município. O valor geral das vendas (VGV) caiu 15,2% no ano passado, para R$ 13,3 bilhões, o menor resultado desde 2006, quando o VGV atingiu R$ 12,5 bilhões.
Segundo Bernardes, os resultados refletem o desaquecimento da economia brasileira no período e a falta de agilidade do setor imobiliário para se ajustar ao mercado. "Nós vínhamos produzindo bastante, para atender a demanda reprimida por imóveis nos últimos anos. Não dava para prever com exatidão quando a demanda ia se acalmar", explicou o presidente do Secovi-SP. "Nosso ciclo de produção é longo. Não somos uma fábrica, que desliga os equipamentos de um dia para o outro", acrescentou.
Ele também ponderou que, apesar da queda do VGV das vendas para R$ 13,3 bilhões no ano passado, o montante está acima da média de R$ 13,2 bilhões registrada nos últimos anos. "O importante para os empresários é o valor das vendas, não do número de unidades. Os imóveis de quatro dormitórios, por exemplo, têm um número menor de venda em termos de unidade, mas representam um ganho maior para a empresa", citou. Bernardes disse também que 2011 foi um ano "bom" para a construção. "Não foi bom como 2010, mas também não foi ruim. Se considerarmos o desaquecimento da economia e a influência do cenário de crise internacional, foi bom".
Futuro
Para este ano, no entanto, a expectativa é registrar um aumento nas vendas. A previsão da entidade é de uma alta na casa dos 5% em 2012, além de alta de 3,5% a 5% em VGV. Em termos de unidades, contudo, o crescimento deve ficar um pouco abaixo dessa previsão, considerando que os preços dos imóveis tendem a permanecer em alta. No ano passado, as vendas somaram 13,3 bilhões de reais em VGV. "Temos demanda, crédito imobiliário e condições favoráveis para crescer de forma estável. O mercado vai seguir o crescimento da economia", diz.
Em termos de lançamentos a previsão do economista-chefe do Secovi, Celso Petrucci. é que o crescimento seja sustentável. "O mercado está em processo de acomodação, com o volume de lançamentos se ajustando à demanda. Iniciamos o ano de 2011 com descompasso entre demanda e oferta, inflação em ascensão e cenário internacional complexo", assinalou Petrucci.
Conforme Bernardes, um dos entraves para a reversão do aumento de preços envolve a escassez de terrenos adequados para construção de unidades em grandes centros urbanos como São Paulo. "Quanto mais escassez, mais o preço sobe", disse ele, acrescentando que a "solução" está na migração para regiões fora das metrópoles e na reurbanização de áreas degradadas e industria.
E é nessa linha que Bigucci prevê crescimento para a região do ABCD. "A oferta de terrenos nas cidades do ABCD ainda é grande, o incentivo das prefeituras também vem subindo e há mais opções de bons negócios", afirma.
Exemplo disso é a empresa mineira ConstruMinas, que chega à São Paulo através do ABCD. "Pensamos bastante antes de dar o passo que nos traria para o Estado de São Paulo. Depois de estudos profundos, percebemos que teríamos mais mercado, mais força e mais opções no ABCD", disse Nelson Britto, gerente de novos negócios da empresa.
A expectativa é que o grupo invista R$ 50 milhões até 2013 em três empreendimentos: um em Diadema, um em Santo André e um em São Bernardo do Campo. Além da região do ABCD Paulista, o Secovi apontou que na Região Metropolitana de São Paulo, que concentra 30 cidades (além das sete do ABC e São Paulo), foram lançados 65,3 mil unidades, número inferior aos 70,8 mil registrados no ano anterior. Do total de unidades lançadas, 58% foram realizadas na capital paulista.
Outros mercados
Segundo o Secovi, a incorporação de escritórios cresceu 25,9% em 2011 em comparação a 2010, saltando de 5,8 mil para o lançamento de 7,3 mil novos conjuntos na cidade de São Paulo no ano passado. Já no mercado de locação residencial, a escassez da oferta fez com que os valores de novos contratos tivessem um aumento médio de 18,48% no ano passado.
O economista-chefe do Secovi, Celso Petrucci, aponta que atualmente não há mais investidores que adquirem imóveis para locação, o que também interfere na alta do dos contratos.
Bernardes, acredita que, em 2012, haverá um crescimento de 3,5% a 5%, em termos financeiros, no volume de vendas em relação a 2011. Ele não quis estimar se, em relação à quantidade de imóveis comercializados, haverá ou não crescimento e em quais segmentos. "Isso dependerá da demanda", disse.
Fonte: DCI