Reversão de provisão engorda resultado da Eucatex
175 milhões de reais provisionados voltaram ao balanço da companhia
12 de novembro de 2009 - Dois dias depois de anunciar o encerramento de sua recuperação judicial, a Eucatex divulgou o balanço do terceiro trimestre, o último sob o carimbo desse processo. A fabricante de produtos de madeira, como pisos laminados, portas e divisórias, apresentou um resultado não recorrente, por conta da reversão de uma provisão tributária.
A Eucatex mantinha algumas ações judiciais contra a Receita Federal, mas optou por encerrá-las em função de alterações na legislação que traziam propostas de parcelamentos referentes, entre outros, a créditos de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Com isso, R$ 175 milhões provisionados voltaram ao balanço da companhia. E, do total de R$ 298 milhões em passivos tributários, restou um saldo de R$ 123 milhões, que será parcelado em até 180 meses.
Em razão disso, a companhia fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 185 milhões, contra prejuízo de R$ 900 mil em igual intervalo de 2008.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) alcançou R$ 193,2 milhões. Excluindo o impacto do passivo tributário, em 2009 até setembro, o lajida ficou em R$ 79 milhões. Na comparação trimestral, a receita líquida da Eucatex caiu 10%, para R$ 168,3 milhões.
José Antonio Goulart de Carvalho, vice-presidente executivo e diretor de relações com investidores da companhia, afirma que o terceiro trimestre começou a mostrar uma recuperação do mercado após um primeiro semestre difícil.
"A nossa opção, diante de um mercado interno muito fraco, foi nos voltarmos mais para a exportação, o que acarretou uma queda nos preços de venda e também despesas comerciais maiores ", afirmou, acrescentando que a Eucatex apresentou redução de vendas em volumes menores do que as médias de mercado em chapas de fibra e painéis MDP. No ramo de tintas, conseguiu crescer em volumes, apesar de o mercado ter apresentado estagnação.
Carvalho destaca que a nova fábrica da unidade da cidade de Salto (SP) deverá iniciar operações no primeiro semestre de 2010. E, assim como a saída da recuperação judicial, representará um divisor de águas para a companhia. "Passada a curva de aprendizado da unidade, o que deve levar de um ano e meio a dois, essa fábrica poderá representar um acréscimo de R$ 250 milhões por ano ao faturamento da companhia."
A nova fábrica reforça aquele que Carvalho aponta como o diferencial da Eucatex, a capacidade de procurar e explorar nichos de mercado, por meio de diferenciais de produtos. A nova unidade produzirá painéis finos, mas não apenas para atender à indústria moveleira, mas também à construção. "Com os mesmos painéis, produziremos pisos, divisórias e portas por exemplo, inclusive para exportação", diz.
Para o executivo, após a união com a Satipel, a concorrente Duratex terá ganhos de escala e sinergias. Entretanto, destaca, o negócio entre as empresas não foi suficiente para alterar a estratégia da Eucatex. "Não focamos a produção de commodities. Nos concorrentes, 76% das vendas são em pisos e painéis de modelo padrão. No nosso caso, 96% das nossas vendas são de peças já com acabamento. Investimos em tecnologia e relacionamento com clientes para oferecer o diferencial", diz. Carvalho prevê mais consolidação no setor e afirma que a Eucatex está atenta a oportunidades de negócio.
Fonte: Valor Econômico - SP