Revolução tecnológica inova revestimentos cerâmicos
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Setor no Brasil já ocupa a segunda posição no ranking mundial
01 de abril de 2013 - Novos equipamentos e novas possibilidades em materiais estão permitindo uma revolução tecnológica e estética no segmento de revestimentos cerâmicos. Com uma capacidade instalada de 1 bilhão de metros quadrados e produção estimada para 2012 de 894 milhões de m², o setor no Brasil já ocupa a segunda posição no ranking mundial, atrás apenas da China, e tem avançado na área de design, equiparando-se aos grandes centros da Europa, como Espanha e Itália. Este desempenho é resultado dos investimentos em inovação nos últimos dez anos, que começaram no início da década passada com a revisão da matriz energética de variadas fontes não sustentáveis para o gás natural.
"A migração foi um movimento generalizado e autônomo do setor, que permitiu uma revolução tecnológica com a adoção de novas tecnologias como fornos de última geração. Estes recursos viabilizaram a produção em larga escala do porcelanato, que exige altas temperaturas e consome menos materiais", diz Antônio Carlos Kieling, superintendente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer). Há dois anos, uma nova revolução está em curso com a adoção de equipamentos de impressão digital a jato de tinta, que têm permitido reproduzir uma gama variada de texturas, cores e imagens. Tudo com maior fidelidade aos desenhos e fotografias gerados nas plataformas de design, segundo as principais tendências internacionais.
"Outra frente de inovação é o uso da nanotecnologia, que permite incorporar as propriedades mais remotas da matéria", acrescenta Kieling. Há empresas, por exemplo, que utilizam nanopartículas de prata como ação antibactericida e outras que estudam usar o recurso para preenchimento de cavidades em peças polidas.
Para Ana Cristina Rodrigues, chefe do departamento de bens de consumo, comércio e serviços do Bando Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as maiores inovações da cadeia têm surgido no elo dos fornecedores, especialmente os de bens de capital ou de insumos como coloríficos e esmaltes.
"As impressoras jato de tinta importadas da Itália e da Espanha permitem acabamentos jamais vistos no setor. Mas o volume ainda é pequeno: 57 unidades em um universo de 94 empresas. A inovação ocorre também no elo da produção do revestimento com design, para tirar o máximo proveito desta tecnologia", observa.
Os desembolsos do BNDES para o setor passaram de R$ 72,5 milhões em 2005 para R$ 85,3 milhões em 2012, totalizando R$ 730 milhões em operações diretas e indiretas. O destaque é a linha Finame, voltada para a aquisição de máquinas e equipamentos, cujos desembolsos saltaram de R$ 38,5 milhões em 2009 para R$ 115,3 milhões em 2011, refletindo a entrada em vigor, em meados de 2009, do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), com taxas competitivas para bens de capital e realização de investimentos.
A Cerâmica Eliane destina 3% do faturamento - que em 2012 deve atingir R$ 720 milhões - a inovação e marketing. Em 2010, adotou a impressora digital e, segundo Edson Gaidzinski, presidente da empresa, tem conseguido recuperar mercado que havia perdido para substitutos do porcelanato, como a madeira e as pedras. "Outra inovação é a produção de peças maiores como o porcelanato de 3 metros por 1 metro e 3,5 milímetros de espessura pesando apenas seis quilos, o que facilita a logística. É voltado para fachadas ventiladas, modernização (retrofit) de prédios antigos e móveis, e uma inovação exclusiva da Eliane. "É possível adicionar tecnologia fotovoltáica para gerar energia quando a política energética tornar viável a transferência de energia para a rede por parte do usuário", diz Gaidzinski.
Na Portobello, os últimos lançamentos incluem a linha Concretíssyma, que traz a reprodução do concreto em suas variações e tonalidades reproduzindo, inclusive, a reação do cimento, da cal e do oxigênio da água durante a cura do concreto. No mármore, as linhas Marmi Clássico, Travertino Navona e Universal Collection reproduzem pedras de origem grega, italiana e turca, respectivamente.
Já a Ecodiversa 2012 traz a madeira natural rara, seja pela espécie, seja por efeitos causados pelo tempo: desgaste natural, pinturas, pátinas. "Nossa área de design conta com mais de 36 espécies de árvores brasileiras, como a araucária clara que é rara", afirma Christiane Ferreira, coordenadora de marketing da Portobello. "Adquirimos a impressora digital há dois anos, que revolucionou o design."
A Cecrisa investiu R$ 10 milhões em pesquisa e desenvolvimento em 2012, o que resultou em uma nova categoria de revestimento, a tecnologia Crossover. Segundo Gelcy Pizzolo Torquato, gerente de marketing e produto da empresa, a característica principal da Crossover é que a peça de revestimento mantém as mesmas características da base à superfície a resistência e a durabilidade de um porcelanato tradicional, com variedade estética e riqueza de design. Essa nova tecnologia recebeu R$ 3,5 milhões em pesquisa e desenvolvimento.
Fonte: Valor Econômico