Rio abre novas alternativas às construtoras
Só Itaguaí, ao sul da capital, terá R$ 30 bilhões com a siderúrgica CSA e ampliações e novos portos, além da construção de um estaleiro de submarinos nucleares.
22 de setembro de 2011 - Na região metropolitana do Rio, uma periferia que, há até poucos anos servia como região de dormitório para as classes C e D, está agora atraindo a atenção de grandes construtoras, graças à chegada de pesados investimentos industriais. Cidades como Itaboraí e Itaguaí, repletas de pequenas casas, recebem projetos imobiliários que chegam a R$ 300 milhões.
Só Itaguaí, ao sul da capital, terá R$ 30 bilhões com a siderúrgica CSA e ampliações e novos portos, além da construção de um estaleiro de submarinos nucleares. No lado oposto, ao norte da capital fluminense, Itaboraí abrigará o Comperj, um complexo petroquímico que custará mais de R$ 17 bilhões, com duas refinarias e uma série de indústrias de segunda e terceira geração. A estimativa é que, quando estiver em pleno funcionamento, gere perto de 50 mil empregos.
A PDG CHL acabou de lançar um empreendimento no Centro de Itaboraí. Com um valor geral de vendas (VGV) de R$ 300 milhões, o complexo terá duas torres comerciais e uma terceira corporativa, dois edifícios residenciais com clube, um flat, além de um pequeno shopping com 61 lojas. Rogério Chor, diretor executivo da construtora, conta que a empresa percebeu que a cidade era deficiente de todos estes empreendimentos isoladamente. O resultado é que, em 30 dias, foram vendidos R$ 190 milhões. "Hoje, todos os apartamentos e flats foram vendidos e agora há poucas lojas comerciais." Chor diz que será difícil, em pouco tempo, haver outro empreendimento do porte na cidade. No entanto, sua chegada valorizará a região, atraindo outras construtoras com empreendimentos menores.
Do outro lado, a João Fortes está construindo o primeiro residencial e comercial de Itaguaí, com VGV de R$ 170 milhões. Serão seis prédios no centro da cidade: um comercial, um apart-hotel, um residencial com serviços e outros três residenciais. O lançamento ocorrerá em novembro.
Luiz Henrique Rimes, diretor nacional de Negócios da construtora, explica que a cidade é uma região de grande densidade populacional. Itaguaí é o primeiro município ao sul do Rio, para quem segue pela BR-101. "Mas há pouca oferta de infraestrutura deste porte", conta. "Os hotéis de Mangaratiba, por exemplo, estão todos lotados até o fim do ano".
Para Rimes, os empreendimentos que agora chegam a cidades como Itaguaí e Itaboraí também vão atender a uma classe média. "Enquanto o executivo vai morar na praia em Mangaratiba, em Maricá ou Niterói (próximas a Itaboraí), gerentes e técnicos qualificados preferem residenciais com infraestrutura perto do trabalho."
Mesmo assim, a João Fortes, em parceria com a PDG, está construindo um empreendimento Minha Casa Minha Vida em Itaboraí, com um VGV de R$ 130 milhões. "Temos que ter oferta porque as indústrias gerarão empregos de todos os níveis", conclui Himes.
O executivo da João Fortes explica que a decisão de ir para essas cidades foi tomada mais pela demanda futura e não pela margem. "Margem é questão de oportunidade: quem chega primeiro ganha mais. Aos poucos a tendência é ir se igualando. A vantagem está na facilidade de encontrar terreno."
Percebendo esta movimentação, a Brasil Brokers abriu uma filial em Mangaratiba, para atender o mercado de Itaguaí a Angra dos Reis. "Antes, na área de Mangaratiba, a maioria das pessoas comprava a segunda residência de veraneio. Hoje, o movimento é de aquisição da casa principal", conta o diretor comercial da Brasil Brokers, Mário Amorim. O executivo acredita que, em breve, haja também mais investimentos em empreendimentos comerciais na região. Só este ano, a filial já negociou 600 unidades na cidade, o que corresponde à metade do que é comercializado pela empresa na Baixada de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, todas construídas pela Brookfield, com quem tem parceira exclusiva na região. "A velocidade de venda não é tão rápida como na capital, mas os construtores chegam ao fim da obra com tudo vendido."
Assim como Mangaratiba está sendo beneficiada indiretamente pelos investimentos em Itaguaí, Maricá, cidade litorânea ao norte de Niterói, também vive um boom imobiliário por conta de Itaboraí. A Fator Realty está construindo um bairro na cidade. "O Vila Nova Maricá é 26% maior que o Leblon", conta Paulo Fabriani, diretor-executivo da empresa. O empreendimento, orçado em R$ 2,5 bilhões, possuiu imóveis Minha Casa Minha Vida, apartamentos de dois e três quartos, residencial com serviços, todos com infraestrutura, além de hotel, shopping, hospital e centros empresariais. "A demanda inicial foi tanta que antecipamos o lançamento de três blocos." Fabriani também apostou nos executivos e construiu um Alphaville.
Outra cidade que volta a receber uma onda de investimentos é Macaé. A capital brasileira do petróleo vive a expectativa de uma nova onda de investimentos em função do desenvolvimento da indústria do pré-sal, que, além de ganhar mais recursos com os royalties, receberá empresas com novas tecnologias de exploração.
A CB Richard Ellis e a construtora Prêmio lançam um edifício de escritórios de padrão classe A, próximo ao porto da Petrobras. O grupo também lançou um condomínio logístico na BR 101, a oito quilômetros do centro, com VGV de R$ 100 milhões. "Macaé já é uma cidade efetivamente atrativa, mas precisa de mais urbanização, bons condomínios e infraestrutura", diz Alberto Robalinho, diretor.
Fonte: Valor Econômico