Seguro residencial é a nova aposta do setor
Empresas do setor enxergam que nos próximos 5 anos cerca de 20% dos 54 milhões de residências terão algum tipo de proteção
13 de outubro de 2010 - Problemas climáticos, boom imobiliário, ascensão da classe C e mudança cultural quanto à avaliação de proteger ou não o patrimônio podem ser os combustíveis ideais para alimentar o crescimento do seguro residencial. Empresas do setor enxergam que nos próximos 5 anos cerca de 20% dos 54 milhões de residências terão algum tipo de proteção, o que significa dobrar a cobertura atual, hoje estimada em 10%.
Dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostram que os seguros para residência cresceram 20% entre janeiro e agosto deste ano, em comparação a igual período do ano passado, com faturamento de R$ 703,5 milhões. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contabiliza aproximadamente 54 milhões de residências no Brasil, mas apenas 12% têm algum tipo de cobertura patrimonial.
Para o gerente de home da Chubb Seguros do Brasil, Guilherme Olivetti, três tipos de produtos irão puxar o crescimento do setor de seguros pelos próximos 5 anos: seguros de automóveis, de vida e previdência. "A migração para a classe C faz com que se fomente a contratação de novas apólices. Vemos problemas de aceitação nas classes D e E."
A empresa especializada em seguros de alto padrão para carros disse que vai fazer uma campanha junto aos corretores para aumentar o número de segurados em residências que já possuam apólices para os carros. "Temos cerca de 100 mil carros cobertos, cujo valor está acima dos R$ 60 mil. Nem 5% têm seguros para a casa."
Segundo o diretor, nos últimos dois anos houve aumento nos seguros de residência, impulsionado principalmente pelo aumento do crédito imobiliário. "Uma pessoa que tem imóvel novo faz pelo menos uma cobertura simples. Na Chubb, o setor cresceu cresceu 30%, enquanto o mercado nacional cresce perto dos 20%. A principal concentração se dá em São Paulo e no Rio de Janeiro, tanto nas capitais como no interior. Contudo, nós vemos fortalecidas as posições nos estados do sul." A maior carteira de seguros do grupo - 250 mil apólices - consiste em seguros massificados, difundidos, especialmente pelos 5 bancos parceiros e comércio.
O diretor ressalta que as mudanças climáticas também influenciam na hora de contratar um seguro para a casa. "Cada vez mais temos eventos como vendaval e chuva de granizo, entre outros, o que faz as pessoas procurarem mais os seguros."
Na sexta-feira, por exemplo, um terremoto foi sentido em Brasília. De acordo com o Instituto de Pesquisa Geológica dos EUA, o tremor teve magnitude de 5 pontos na escala Ritcher e ocorreu na região de divisa entre Goiás e Tocantins. O epicentro do terremoto estava a uma distância de 255 quilômetros de Brasília.
Olivetti destaca ainda que há demanda reprimida por produtos de seguros nas classes A e B. "Elas devem contratar mais apólices. Não arrisco um número, pois não pesa só o fato de melhorarem a condições econômicas do indivíduo. Existe a questão cultural." O executivo destaca que apenas inserções na mídia não são o suficiente para mudar o conceito do brasileiro em relação a seguros. "Quando a pessoa troca de casa, tem ascensão social, dá mais valor aos seguros. Hoje os carros demandam mais seguros porque uma pessoa pensa que pode bater o veículo ou lhe roubarem o bem."
Também contando com uma demanda reprimida, o diretor-geral da Itaú Auto e Residência, em associação com a Porto Seguro, Ney Ferraz Dias, acredita que o setor deva apresentar crescimento de 15% a 20% ao ano nos próximos cinco anos.
Dias destaca que, hoje, são aproximadamente 15 milhões de apólices de veículos, frente a 4 milhões para residência. "Quem contrata o financiamento para casa própria precisa contratar um seguro para danos físicos ao imóvel e invalidez da pessoa. Normalmente, o crédito só se libera com o seguro, mas o seguro de crédito não cobre as necessidades como a de conteúdo da casa, danos a terceiros como num apartamento. Vai que quebra um cano, ou a empregada se machuca."
Ele avalia que o Brasil passou muito tempo com estagnação na economia e agora é um processo natural vender mais casas e mais seguros residenciais.
Mesmo na carteira de automóveis, o diretor enfatiza que a cobertura nacional é baixa. "No seguro de auto, as pessoas tem preocupação com roubo, colisão e assistência 24 horas. Mas ainda falamos de menos de 40% da frota coberta."
A estratégia da líder de mercado para aumentar a penetração das apólices residenciais é agregar microsseguros como para os animais, conserto de computadores e de rede elétrica. "O valor também não é alto, o que torna o produto atrativo". No final de agosto, Itaú e Porto Seguro unificaram operações.
Seguro de vida
Depois de fazer pesquisa com consumidores, a Itaú Seguros detectou que os clientes querem seguros de vida e de acidentes pessoais mais simples e de fácil compreensão. Por isso, a seguradora simplificou sua prateleira, que terá, a partir de agora, dois produtos: Seguro Itaú Vida e Seguro Itaú Acidentes Pessoais, em lugar dos sete produtos anteriores.
Segundo a Fenaprevi, o mercado de seguro de vida registrou crescimento de 13% no 1º semestre se comparado a 2009, registrando vendas de R$ 8,7 bilhões. Já a modalidade de acidentes pessoais apresentou 20% de alta frente ao ano passado, atingindo R$ 1,4 bilhão em vendas.
Fonte: DCI - SP