Setor de Construção Civil quer novas políticas para minimizar efeitos ambientais
Sinduscon-SP e Câmara Brasileira da Indústria da Construção atuam em favor de políticas públicas que minimizem emissões de gases de efeito estufa
12 de maio de 2009 - As trágicas imagens divulgadas pela mídia sobre as enchentes no Norte e Nordeste do país reforçaram a convicção da sociedade civil sobre a necessidade de uma rápida atuação para diminuir as emissões de gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento do planeta, responsável por esses e outros cataclismas.
Consciente da gravidade do tema, o SindusCon-SP e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção decidiram priorizá-lo, atuando em favor da criação de políticas públicas que minimizem aquelas emissões em toda a cadeia produtiva da construção civil.
A decisão das entidades foi anunciada no seminário Mudanças Climáticas e Construção Civil, realizado no SindusCon-SP na semana passada, em conjunto com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas. Entre outros, participaram os secretários de Meio Ambiente do Estado, Francisco Graziano; do Verde e Meio Ambiente do Município de São Paulo, Eduardo Jorge; o vereador Gilberto Natalini, coordenador do Grupo de Trabalho de Meio Ambiente da Câmara Municipal, e os ambientalistas Fábio Feldmann e Sergio Besserman.
Na ocasião, Graziano elogiou a postura das entidades e Jorge formalizou convite do prefeito Gilberto Kassab para o SindusCon-SP integrar o Conselho Municipal de Mudanças Climáticas.
A construção decidiu dar um passo para além das providências inovadoras já em curso nas novas edificações: o uso racional da água, de madeira de origem legal e de energia solar; a eficiência energética dos edifícios; a eliminação dos desperdícios de materiais; o correto gerenciamento dos resíduos do setor e o uso de materiais com baixa pegada de carbono.
O setor vai aprofundar estas ações e pretende ampliar sua visão da questão ambiental, não a restringindo à busca de certificações, ou ao plantio de árvores. A intenção é criar estímulos ao surgimento de uma nova cultura de sustentabilidade na construção, mudando a forma de elaborar os projetos de edificações, o planejamento urbano, a habitação popular e a ampliação da infra-estrutura.
Isto só será possível por intermédio da elaboração de políticas públicas. Elas precisam informar e orientar os cidadãos, bem como regrar as atividades produtivas, com estímulos ao uso de tecnologias e materiais de baixa pegada de carbono.
Para que estas políticas sejam eficientes, elas dependem de um diálogo permanente entre todos os agentes envolvidos: políticos, acadêmicos, ambientalistas, juristas, setor produtivo e consumidores.
As medidas resultantes desta articulação não podem repetir erros cometidos por alguns legisladores bem intencionados que, sem fundamentação técnica, buscam preservar o meio ambiente. Por exemplo, exigir aquecedores solares em edifícios ou regiões onde sua utilização é inviável ou desnecessária apenas irá encarecer o custo das obras. Impor as mesmas regras de construção no Sul e no Nordeste do país, que têm realidades climáticas totalmente distintas, trará prejuízos em vez de benefícios.
Espera-se que este espírito de diálogo permeie a votação dos projetos de lei no âmbito da União, dos Estados e dos Municípios que criarão políticas para enfrentar a questão das mudanças climáticas.
Fonte: Folha de São Paulo