Setor de energia solar fotovoltaica cresceu 64% em plena pandemia
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
O segmento com melhor desempenho foi o de telhados solares, que já representa 62% do total de instalações no país
21/05/2021 | 16:14 - Em menos de uma década, o mercado de energia solar no Brasil cresceu de maneira exponencial. Políticas públicas, iniciadas em 2012, foram determinantes para essa evolução, com destaque para os leilões de energia. A expansão da produção de fábricas na China também colaborou, reduzindo os preços dos painéis solares em todo o mundo.
Em entrevista ao podcast do Portal AECweb, Rodrigo Sauaia, presidente-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), dá detalhes e muitos números sobre o setor que, em 2020, cresceu mais de 64%. “Em 2012, esse mercado praticamente inexistia”, diz referindo-se ao percentual de 0,01% de participação dessa tecnologia na matriz energética brasileira naquele momento. Vieram as regulamentações da ANEEL e leilões de energia do governo federal, o que elevou o índice para 1,8% na geração das grandes usinas de energia solar do país, além de uma vez e meia esse percentual referente à geração de pequeno porte (geração distribuída).
Nessa trajetória, o setor criou 264 mil empregos, atraiu investimentos da ordem R$ 46 bilhões, arrecadou impostos que superam a cifra de R$ 12 bilhões e evitou a emissão de 9,5 milhões de toneladas de CO2. “São 8.8 GW de energia solar, considerando projetos de pequeno, médio e grande porte, parcela da matriz elétrica do país que totaliza 175 GW”, destaca Sauaia.
Mesmo num ano de pandemia, o setor registrou crescimento de 64% em relação ao período anterior. “Foi histórico”, comemora, estimando desempenho ainda maior para este ano. Entre 2017 e 2019, o segmento que mais avançava era o da geração centralizada, que constitui o mercado livre de energia. A não realização de leilões, em 2020, deixou espaço para que a geração distribuída – os telhados solares – liderasse o mercado. “O sistema de geração de pequeno porte representa 62% de tudo o que está instalado de energia solar fotovoltaica”, comenta, acrescentando que estão previstos novos leilões a partir de 2022, elevando as expectativas de grandes projetos.
O país já registra cerca de 40 fabricantes nacionais de componentes para os módulos fotovoltaicos e, também, itens como inversores, estruturas fixas, rastreadores para usinas, materiais elétricos e baterias. No entanto, essa indústria e, também, a parcela significativa de componentes importados tiveram seus preços impactados pelo câmbio desfavorável e a alta carga tributária que incide sobre a matéria-prima que vem de fora. “Esse é um dos grandes desafios a superar para que o Brasil seja, cada vez mais, não apenas um mercado usuário, mas que no futuro venha a exportar tecnologias e componentes”, defende lembrando ser fundamental que o governo federal estabeleça uma política industrial sólida para o setor.
Sauaia apresenta uma série de tecnologias fotovoltaicas integradas às construções, substituindo telhados e fachadas, entre outras.