Setor imobiliário deve movimentar R$ 20 bi até 2014 no Ceará
Silvio Oliveira, diretor da Bolsa de Soluções Imobiliárias do Ceará: "Ainda existe muita área para ser comercializada"
01 de agosto de 2011 - Até pouco tempo atrás as praias do Ceará eram vistas apenas como ativos turísticos. Hoje são cobiçadas por investidores nacionais e estrangeiros que enxergam nelas um excelente filão de negócios imobiliários. O interesse, porém, vai além da orla. A paisagem e o clima agradável o ano todo - aliados a financiamentos e projetos do governo, além da Copa 2014- transformaram diferentes áreas do Estado em canteiros de obras.
O impulso que o mercado imobiliário cearense tomou há três anos ganhou corpo e os negócios hoje estão em ponto de ebulição. A receita gerada pelo setor bateu na casa dos R$ 2,5 bilhões em 2010 - elevação de 33% sobre o ano anterior - e teve uma evolução de 233% em relação a 2006, segundo dados do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Locação de Imóveis do Ceará (Secovi-CE).
Para este ano os negócios prometem retornos expressivos e a estimativa é de aumento de 60%. Só nos primeiros seis meses de 2011 devem alcançar um incremento de até 30%, se comparados ao primeiro semestre do ano passado.
O metro quadrado de um terreno à beira mar em Fortaleza não sai por menos de R$ 9 mil, cerca de 40% mais caro que há dois anos. Em uma área menos nobre, pode ser comprado a R$ 6 mil e nos arredores da cidade a média de preço é de R$ 4 mil.
Para se ter uma ideia, o m2 em bairros nobres de São Paulo, como Moema e Vila Olímpia, na zona sul, custa em torno de R$ 11,7 mil, segundo pesquisa da Empresa Brasileira de Estudo do Patrimônio (Embraesp).
"Entre 2011 e 2014 a projeção é de que as vendas cheguem a R$ 20 bilhões", estima Silvio Oliveira, diretor executivo da Bolsa de Soluções Imobiliárias do Ceará e diretor de marketing da Associação Brasileira do Mercado Imobiliário.
Pelas contas de Oliveira, o volume de vendas para 2011 deve alcançar cerca de R$ 3 bilhões. O diretor atribui essa pujança a três fatores: projetos do governo como Minha Casa Minha Vida, desburocratização na área de financiamento e o interesse das empreiteiras nacionais e estrangeiras em hoteleira de olho na Copa 2014.
As incorporadoras, avalia Oliveira, estão com uma musculatura financeira significativa. "Estamos em uma cidade referência onde os 365 dias do ano contam com temperatura agradável, atraindo o turista, além de sediar a Copa 2014. O Brasil está em evidência no exterior e o mesmo acontece com o Nordeste", diz.
Em dezembro do ano passado, o Ceará recebeu a inauguração do Dom Pedro Laguna Beach Villas, Golf & Spa Resort, a primeira unidade do grupo Dom Pedro na América do Sul. O empreendimento foi erguido na Praia da Marambaia, em Aquiraz, distante 35 quilômetros do Aeroporto Internacional de Fortaleza, e será o primeiro resort a contar com um campo de golfe no Estado.
"O Ceará, nos últimos dois anos, está vivendo uma economia em ebulição com investimentos nacionais e estrangeiros que deverão durar até 2014. A cidade virou um verdadeiro canteiro de obras", avalia Kalil Otoch, vice-presidente de compra e venda do Secovi-CE.
"Isso é só o começo. A cidade ainda dispõe de muito espaço. Estamos concluindo o segundo maior centro de convenções do país, com uma área de 120 mil metros quadrados para os mais diversos tipos de eventos", reforça Oliveira. Segundo o diretor, os preços na região estavam defasados. "Nosso preço em relação ao Brasil era baixo e agora estamos nos equiparando aos principais centros. E o interessante é que ainda existe muita área para ser comercializada", diz.
Fonte: Valor Econômico - SP