Setor imobiliário encara consolidação limitada à frente
A reabertura do mercado de capitais e a melhora no caixa das construtoras devem restringir as possibilidades de novas fusões adiante
04 de setembro de 2009 - A construção civil poderá assistir a um ou outro novo lance de consolidação entre as empresas do setor com ações na bolsa, porém as oportunidades serão limitadas e os valores envolvidos mais altos.
Na quarta-feira, foi anunciado que três empresas de capital aberto -Abyara, Klabin Segall e Agra- darão lugar a uma única companhia, a Amazon Group Real State, ou Agre, que será listada no Novo Mercado.
A reabertura do mercado de capitais e a melhora no caixa das construtoras, contudo, devem restringir as possibilidades de novas fusões adiante.
Apenas nesta semana, Rossi Residencial e PDG Realty revelaram que vão captar até 600 milhões e 800 milhões de reais, respectivamente, via emissão de novas ações.
O diretor da Fitch Ratings José Roberto Romero vê como provável um novo movimento de compra e venda no setor patrocinado pelo argumento da estratégia, embora acredite que a questão da solidez financeira das companhias ainda deva ser considerada.
"A dificuldade de acesso a crédito por parte de algumas companhias precipitou o movimento de consolidação no ano passado e o cenário somente melhorou um pouco", afirmou o diretor da agência de classificação de risco à Reuters.
Visão parecida tem o analista Eduardo Silveira, da Fator Corretora. "Pode haver um ou outro movimento de consolidação, mas justificado pela estratégia de mercado, e não mais porque empresas correm o risco de quebrar se não forem incorporadas", afirmou.
Em 2008, a Gafisa assumiu o controle da Tenda, dando em troca dessa participação sua unidade de negócios no segmento econômico. A Tenda continua com ações negociadas na Bovespa.
Também no ano passado, foi anunciada a incorporação da Company pela Brascan, renomeada Brookfield Incorporações. "Esse é um exemplo de estratégia de negócio, de atuações complementares, e não de compra por problemas financeiros", apontou Siveira.
Um potencial empecilho a uma nova onda de fusões, na avaliação do analista da Fator, é o preço. Os valores pagos por ação em transações passadas -e que as tornaram atrativas do ponto de vista do comprador- não devem se repetir.
Depois de as ações do setor imobiliário liderarem as quedas na Bovespa no ano passado, construtoras e incorporadoras acumulam forte valorização em 2009, em parte pelo otimismo com o lançamento, em março, do programa "Minha Casa, Minha Vida", que prevê a construção de 1 milhão de moradias para a baixa renda com apoio do governo.
No início do ano, por exemplo, as ações da Abyara foram compradas, direta ou indiretamente, por Agra e Veremonte, esta última do empresário espanhol Enrique Bañuelos, por 1,20 real. No fechamento de quarta-feira, os papéis da Abyara valiam 4,16 reais.
A Klabin Segall, por sua vez, também teve seu controle alienado para Veremonte e Agra por 1,83 real por ação -na Bovespa, os papéis encerraram o último pregão valendo 4,37 reais.
No próprio setor, a avaliação é que -embora saudável- uma nova rodada forte de fusões e aquisições entre as empresas listadas em bolsa parece improvável.
"Faz todo o sentido a consolidação, tanto que estamos aqui", afirmou o futuro presidente da Agre, Luiz Roberto Horst Pinto, em entrevista coletiva. "É um setor muito representado na Bovespa, mas acho difícil novos passos (de consolidação) por falta de interesse das próprias companhias."
Para o diretor financeiro da CR2, Rogério Furtado, já houve uma acomodação entre as empresas do setor, cada qual em seu mercado, e há espaço para concorrentes de porte diferente.
"O setor continuará dando muita notícia, mas é preciso levar em conta que a fragmentação é característica da própria construção civil", afirmou.
Segundo classificação empregada pela BM&FBovespa, há 20 empresas de construção civil listadas no Novo Mercado e outras duas de intermediação imobiliária, além de companhias classificadas no segmento de exploração de imóveis, como por exemplo shopping centers.
Fonte: GloboNews - RJ