Sindicato diz que alerta sobre guindaste foi ignorado
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Segundo a denúncia, obras do Itaquerão continuaram normalmente
29 de novembro de 2013 - O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Construção Civil de São Paulo e deputado estadual, Antonio de Sousa Ramalho (PSDB), afirmou que recebeu, nesta quarta-feira, 27, uma denúncia de que, antes do acidente no Itaquerão, um funcionário fez um alerta sobre riscos de acidente com o guindaste.
A Odebrecht e o Corinthians desmentem a informação e dizem que o sindicato “não representa os trabalhadores que realizavam as operações de movimentação de guindaste e colocação de estrutura metálica na obra”.
Segundo a denúncia, apesar de o alerta ter sido feito por volta das 8h, as obras continuaram normalmente. Às 12h54, uma peça da cobertura que estava sendo instalada desabou de um guindaste e matou dois trabalhadores: Fábio Luiz Pereira, 41, e Ronaldo Oliveira dos Santos, 43.
Denúncia
“Recebemos uma denúncia de um técnico de segurança do trabalho dizendo que havia alertado, às 8h, que aquela base de sustentação não era suficiente para o guindaste”, disse Ramalho.
De acordo com a denúncia, um engenheiro de segurança do trabalho viu um desnível no terreno, só que um engenheiro civil teria afirmado que a obra deveria prosseguir. Ele disse que a polícia deve ouvir o autor da denúncia, que está documentada.
O presidente da Federação Nacional dos Técnicos de Segurança do Trabalho, Armando Henrique, afirmou que também recebeu uma denúncia de um técnico de segurança falando que havia evidência de que a estrutura não era segura.
O coordenador da Defesa Civil, Jair Paca de Lima, afirmou que ele foi no local em que estava a base do guindaste e que o caso precisa ser investigado. “Visualmente, eu não notei qualquer afundamento no terreno, mas é preciso averiguar. As polícias técnica e cientifica vão verificar isso. Se houve afundamento, foi muito pequeno. Mas, na utilização de maquinário pesado, isso pode fazer diferença”, disse.
Responsáveis negam alerta
Em nota, a Odebrecht, responsável pelas obras, e o Corinthians afirmam que não foi dado nenhum alerta antes do acidente que matou dois funcionários:
“A Odebrecht Infraestrutura e o Sport Club Corinthians Paulista esclarecem que não houve nenhum alerta prévio ao acidente e negam a ocorrência dos eventos relatados pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo.
Esclarecem também que tal sindicato não representa os trabalhadores que realizavam as operações de movimentação de guindaste e colocação de estrutura metálica na obra da Arena Corinthians. Esses trabalhadores são representados pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada, Infraestrutura e Afins do Estado de São Paulo (Sintrapav SP).
O Sintrapav SP esteve na manhã desta quinta-feira no canteiro de obras, junto com o Ministério Público e o Ministério do Trabalho, apurando informações sobre o acidente. A Odebrecht reafirma seu rigor nos procedimentos de segurança do trabalho. Até essa quarta-feira, a obra havia registrado 9,5 milhões de horas trabalhadas sem acidentes graves."