Sinduscon prevê crescimento de 2% este ano
Apesar do otimismo, nem todos os dados mostram clara reação
02 de setembro de 2009 - O setor de construção deverá ter expansão de 2% em 2009 no Brasil, marcando o sexto ano consecutivo de crescimento, o que tornará a crise econômica global iniciada no ano passado, inferior, em termos de magnitude à ocorrida no início do governo Lula.
Para o presidente da Câmara de Indústria da Construção da Fiemg, Teodomiro Camargos, e o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Eduardo Henrique Moreira, ações do governo federal e dos governos estaduais foram determinantes para estancar a crise.
"Lula falou que esta crise ia ser uma marolinha, foi muito criticado, mas os fatos mostraram que ele tinha razão", afirmou Moreira. "Talvez não tenha sido uma marolinha, e sim uma marola bem grande. Mas o fato é que esta crise teve o formato da letra V", ponderou Camargos. Os dois empresários deram entrevista na abertura de uma feira regional do setor.
No primeiro, a retração econômica afetou a demanda e a rentabilidade das empresas, mas não atingiu o nível de emprego. Segundo dados apresentados pelos empresários, a produção física dos insumos para a construção caiu 10,3% de janeiro a junho, em relação ao mesmo período no ano anterior.
O faturamento da indústria de materiais de construção caiu 15,4%. A venda de cimento recuou 0,9%. E o número de unidades financiadas no Brasil pelo sistema brasileiro de poupança e empréstimo caiu 8,2%. Mas o total de empregados elevou-se 5,8% no país.
"O nível de emprego seguiu alto porque as empresas não tinham como parar os compromissos já assumidos. Agora todos os indicadores começam a reverter a tendência, tornando-se positivos. Não deu tempo para ocorrerem demissões", afirmou Camargos.
Apesar do otimismo de Camargos, nem todos os dados mostram clara reação. Se a venda de material de construção em julho aumentou 7% frente a junho, o número de unidades financiadas permaneceu abaixo: foram 25.656 em julho, ante 25.840 em junho.
Os dirigentes não pouparam elogios ao governo federal, que desde o início da crise , além de reduzir o IPI para material de construção, criou um programa de subsídio à habitação, o Minha Casa Minha Vida, com regras diferentes para as faixas de renda de zero a três salários mínimos e de três a dez salários mínimos. "Talvez tenha sido a primeira vez que o governo federal fez uma grande aposta no setor", disse Moreira.
Na faixa mais baixa de renda, o programa habitacional do governo teve um resultado inicial modesto. Em Minas Gerais, até julho, apenas um lançamento havia sido feito para a faixa que recebe até três salários mínimos, atendendo 288 famílias em Contagem, na região metropolitana da capital. Mas na faixa de renda superior o resultado foi positivo.
"Na faixa mais alta, em que a oferta depende apenas do empresariado, a coisa fluiu. No Distrito Federal, para citar um exemplo, um conjunto de 800 unidades teve 600 vendidas em apenas um mês. É a habitação popular que está puxando a recuperação", afirmou Moreira.
Fonte: Valor Econômico