Sustentabilidade chega a casas da Babilônia e do Chapéu Mangueira
Rio Cidade Sustentável vai reformar, num primeiro momento, 50 casas dos dois locais
13 de março de 2012 – A partir deste sábado, mutirões de moradores do Chapéu Mangueira e da Babilônia vão dar o pontapé inicial num projeto que pretende mudar a cara das duas comunidades: é o Rio Cidade Sustentável, que vai reformar, num primeiro momento, 50 casas dos dois locais, melhorando as condições de moradia com a implantação de sistemas que permitam o uso racional da água, a redução de infiltrações e conforto térmico, a melhoria da ventilação e circulação de ar, e eficiência energética.
— A gente quer mostrar que sustentabilidade não é possível apenas em áreas ricas. E uma das principais características desse projeto é sua replicabilidade. Se ele der certo ali, pode ser levado não só a outras comunidades do Rio, mas também a outros estados e países — defende Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que organiza o projeto. — A gente está articulando a iniciativa privada em parceria com setor público para agregar sustentabilidade numa área urbana — completa.
O tipo de melhoria a ser implantado foi definido em vistorias realizadas por técnicos da construtora Even, que conduz o processo de reforma nas comunidades. E não haverá um padrão único a ser implantado. Tudo vai depender das necessidades de cada moradia. Um dos problemas mais comuns, por exemplo, são as infiltrações. Para reduzi-las, serão feitas ações como regularização e impermeabilização de lajes, emboço (reboco), pintura externa e interna e colocação de revestimento cerâmico nos pisos.
A pouca circulação de ar também é comum em muitas dessas casas. Por isso, várias delas vão receber esquadrias em portas e janelas (que muitas vezes são apenas um buraco na parede). Além disso, quando possível, serão implantados sistemas de aquecimento solar e captação de água da chuva. Instalações elétricas e hidráulicas também passarão por reformas para melhor eficicência energética e racionalização do uso da água.
— Não vamos fazer reformas gerais, mas intervenções. Estamos vendo quais são as necessidades dos moradores e vamos viabilizar o que for possível. Não podemos pensar em implantar sistemas sustentáveis em casas com problemas sérios de infraestrutura — explica Marina.
Para participar do projeto, as casas precisam estar regularizadas na prefeitura, Light e Cedae. Além disso, o material a ser utilizado na reforma não será dado aos moradores. Mas eles terão acesso a uma linha de crédito específica para ser usada em lojas participantes do projeto, que vão oferecer materiais a preço de custo. No quesito mão de obra, 170 moradores estão sendo capacitados para participar dos mutirões. Foram oferecidos quatro cursos: pedreiro, serralheiro, bombeiro hidráulico e eletricista. E ao fim do projeto, a ideia é que esses moradores sejam absorvidos pela construção civil.
— Vamos acompanhar a execução das obras pelos moradores e fazer junto com eles o levantamento dos materiais necessários para as reformas de cada caso. Também estamos procurando fornecedores que tenham preocupações ambientais na hora da produção de seus materiais — diz Claudio Hermolin, diretor da Even, no Rio.
Além da construtora, outras 11 empresas participam do projeto que também tem o apoio da prefeitura do Rio e do governo do Estado. A intenção do CEBDS é apresentar os resultados desse projeto piloto na Rio+20, conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que acontece em junho, no Rio. E além da melhoria habitacional, o projeto prevê ainda a introdução de materiais e processos sustentáveis no projeto de urbanização da prefeitura; o plantio de hortaliças e leguminosas, nas lajes das casas, para geração de renda e consumo próprio; e a promoção do turismo na comunidade, valorizando seu patrimônio histórico e preservando sua riqueza ambiental.
Fonte: O Globo