Sustentabilidade na construção civil vive na informalidade
Ranking mostra que muitas empresas ainda sonegam impostos, desrespeitam as leis trabalhistas e ignoram as ambientais
04 de agosto de 2011 - Está sendo lançado hoje, em São Paulo, um livro que cria alicerces mais fortes para o debate sério sobre construção sustentável no Brasil. Ele defende, por exemplo, que não é possível discutir o tema quando 80% do setor vivem na informalidade. São empresas que sonegam impostos, desrespeitam as leis trabalhistas e ignoram as ambientais. Os autores de "O Desafio da Sustentabilidade na Construção Civil" são os professores Vahan Agopyan e Vanderley John, da Escola Politécnica da USP.
Um ranking feito pela certificadora Leed (Liderança em Energia e Design Ambiental) classificou o Brasil, em 2010, como o quinto país do mundo nesse tipo de construção. O professor Vanderley diz que não tem nada contra essas certificações, mas que elas acabam servindo mais como peças de marketing: "Não são 5, 50 ou 500 prédios certificados que vão tornar a construção brasileira sustentável".
Vanderley argumenta que é preciso fazer um diagnóstico mais consistente do setor, baseado em fatos e dados, não em opiniões. O livro desmente um número mundialmente aceito. O de que o uso dos edifícios seria responsável por 30% das emissões de C02. Usando informações do inventário nacional de emissões, eles concluem que o índice é de apenas 2,8%, por conta da nossa matriz energética mais limpa.
Mas trabalhar com dados consistentes é só uma parte do desafio. São necessárias políticas sérias e metas transparentes para cada um dos atores dessa cadeia produtiva. Começa com as construtoras que precisam ter trabalhadores formalmente contratados. Passa por fornecedores de materiais como areia, brita e cerâmica que, muitas vezes, não são capazes de comprovar a origem dos seus produtos. E termina com prefeituras de cidades pequenas, médias e grandes que têm códigos de obras obsoletos.
Faça sua parte
O Conselho Brasileiro da Construção Sustentável criou um sistema que ajuda os projetistas e usuários a descobrir se a empresa que fornece material para a sua obra é sustentável. Ele é chamado de "Seis passos" e avalia, em primeiro lugar, se a empresa está formalizada, o que pode ser verificado pelo CNPJ. Depois, confirma se respeitam as licenças ambientais, as questões sociais, a qualidade e normas técnicas do produto, se o fornecedor tem responsabilidade sócio-ambiental e, finalmente, se faz propaganda enganosa. Vale seguir as dicas em www.cbcs.org.br.
Fonte: O Globo