Tarifa de aço importado divide empresários
Preço do aço subiu mais no Brasil do que no mercado internacional no período de expansão econômica (até 2008) e caiu menos no país durante a crise
16 de junho de 2009 - O aumento da tarifa de importação do aço vem provocando polêmica entre produtores e consumidores. Depois da Abimaq (associação de máquinas e equipamentos), agora é a vez de o SindusCon-SP (sindicato da construção civil) se posicionar contrário à medida, que elevou o imposto de zero para até 14% neste mês.
O presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, vai mostrar na reunião de hoje da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) um estudo comparativo dos preços nacionais e internacionais do aço.
Segundo a pesquisa, o preço do aço subiu mais no Brasil do que no mercado internacional no período de expansão econômica (até 2008) e caiu menos no país durante a crise.
Descontadas as oscilações, o preço do aço brasileiro aumentou 46% de setembro de 2004 a abril deste ano. Nos EUA, por exemplo, a alta foi de 20%.
O vice-presidente-executivo do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia), Marco Polo de Mello Lopes, afirma que não se pode comparar os preços do mercado interno com os internacionais.
Segundo ele, a queda da demanda mundial pelo aço fez com que a concorrência global se acirrasse e colocasse os preços em níveis "impraticáveis".
Lopes disse que o setor siderúrgico sofreu uma queda de 50% nas vendas internas entre novembro e dezembro. Segundo ele, o setor se voltou para o mercado externo e encontrou uma situação de "carnificina". O resultado foi o corte de produção: 6 dos 14 alto-fornos do país estão desligados até hoje.
Segundo ele, a decisão sobre a tarifa do aço importado é um pleito antigo do setor siderúrgico. Ele ressalta que não foi uma elevação do imposto, mas a extinção de um privilégio que 15 produtos siderúrgicos tinham desde 2005, quando foram incluídos na lista de exceção da TEC (Tarifa Externa Comum).
"Vários países protegeram seus mercados internos. O Brasil sinalizou com essa medida que não vai tolerar práticas de comércio predatórias", disse. "Não é protecionismo, é o restabelecimento de uma tarifa externa comum."
Segundo ele, as novas alíquotas de importação do aço não provocarão uma elevação dos preços. "Não há clima”.
Fonte: Folha de S. Paulo - SP