Venda de imóveis cresce com queda de juros
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Construtoras de pequeno e médio porte expandem operações
20 de agosto de 2013 - A perspectiva de incremento na venda de residências na cidade de São Paulo, estimada em 30% segundo o Sindicato da Habitação (Secovi-SP), também deve ser verificada no comércio de empreendimentos comerciais e industriais. O motivo para a alta, segundo empresários e analistas do setor, é o cenário de queda de juros e a tendência de estabilização dos preços que tornam mais atraente o investimento em imóveis.
Com esse potencial, construtoras de pequeno e médio porte, como a You,Inc, Trisul, Mbigucci, Prisma e GR Properties projetam incremento acima de 10% no acumulado do ano, e expandem operações. A ação também foi verificada entre as empresas de maior porte, como a Cyrela, MRV e Gafisa, que apresentaram bom desempenho no segundo semestre, surpreendendo analistas.
"Enquanto o País verifica uma queda na confiança dos consumidores de serviços e comércio mês a mês, alguns investidores optam pela segurança do investimento em imóvel. Isso deve ser um dos fatores cruciais para que o mercado imobiliário registre alta acima do Produto Interno Bruto (PIB) este ano", diz o professor da macroeconomia da Universidade Federal do ABC, César Leite.
A perspectiva do professor está em linha com as projeções dos empresários. "A perspectiva de alta da inflação e retorno incerto de investimentos financeiros (tanto fixos quanto variáveis) reduz o apetite do investidor por estes ativos", disse Eduardo Muszkat, diretor executivo da You,Inc.
Segundo o executivo, é nessa onda que os empresários da construção ganham vantagem no mercado. "Nesse contexto, os imóveis representam uma reserva garantida de valor a longo prazo, tanto para receitas de aluguel quanto para valorização patrimonial", completou.
A empresa, que atua principalmente no ramo residencial, registrou no primeiro semestre do ano alta de 70% nas vendas contratadas, quando comparadas com 2012. "Esse resultado também reflete o incremento no número de lançamentos realizados pela empresa", disse ao DCI.
Para o ano, a empresa projeta sete lançamentos, mais que o dobro do que o realizado em 2012, quando foram entregues três empreendimentos. Muszkat explica que o estoque da empresa segue em um nível positivo. "Nosso volume de estoques é perto de 11% de tudo o que lançamos até o momento. O mercado tem, em media, cerca de 18% de estoques".
Entre os empresários que focam o mercado de imóveis comerciais e industriais, o gerente de incorporação da GR Properties, André Gavazza, explica que os custos para a construção desse tipo de empreendimento devem acompanhar o da construção em geral. "Até o momento, em 2013, temos um Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) acumulado superior a 6%", disse.
Para tentar segurar os preços e manter a competitividade, o executivo explica que a empresa precisa fechar alguns acordos antes da obra começar. "Buscamos fechar a contratação das obras a preço fechado e sempre que possível trabalhamos com faturamento direto, reduzindo o custo e evitando a tributação", disse.
Na perspectiva do empresário, a venda de galpões industriais e logísticos deve seguir em alta este ano. "Para o mercado de galpões industriais e logísticos, apesar da recente e provavelmente temporária alta dos juros, a procura continua grande. Esse tipo de empreendimento é visto pelos investidores como diversificação de investimentos", finalizou.
Para o segundo semestre a GR Properties projeta cinco lançamentos. "Até o momento lançamos um condomínio logístico na região do Rodoanel, em São Paulo. Os demais empreendimentos ainda estão em fase de aprovação", disse ele, lembrando que o estoque da empresa atualmente gira em torno de 10% a 15% dos lançamentos. "Esse número é muito satisfatório, visto que a valorização do empreendimento durante o estágio de construção e entrega é considerável, e que com uma boa gestão do estoque, permite incrementar o resultado".
Segundo Milton Bigucci, presidente da construtora Mbigucci, a empresa está perto de atingir, em agosto, a meta projetada no inicio do ano de vendas. Ele acrescenta que, com relação à alta nos preços para construção, a empresa deverá verificar incremento em até 8%. "Nossa perspectiva é de uma alta entre 5% e 8%", afirmou o executivo ao DCI, no entanto, ele acredita na possibilidade de segurar os preços na construtora. "Com certeza nossos preços não subirão mais que a inflação, uma vez que temos bom estoque de terrenos comprados e pagos".
Com relação ao mercado de imóveis comerciais, um dos focos da empresa para este ano, o executivo projeta um incremento na casa dos dois dígitos. "Com certeza o aumento será superior a 20% nesse segmento", disse.
Para o segundo semestre, a empresa já projeta cinco lançamentos entre comerciais e residenciais, alta de 20% ante aos lançamentos efetivados no mesmo período de 2012.
Com relação aos estoques de imóveis o empresário afirma que houve leve queda este ano, e a empresa entra saudável para o segundo semestre. "Os estoques do 1º semestre de 2013 estão compatíveis com o número do mesmo período de 2012, com tendência para baixa", disse ele, lembrando que há uma tendência no mercado de estabilização nos preços.
Na opinião de Ricardo Stella, diretor comercial e de marketing da construtora Trisul, os custos da construção podem atingir alta de até 7% este ano, mas a empresa passa por um momento saudável, o que diminuirá o impacto. "As vendas vêm melhorando neste ano. Estamos com um bom resultado de vendas dos nossos lançamentos, além de um ótimo resultado da venda de estoques". Stella explica ainda que o estoque da empresa caiu 19% entre o primeiro semestre e segundo deste ano. "No início do ano tínhamos um estoque em torno de R$ 600 milhões. Entramos no 2º semestre com um estoque de R$ 482 milhões, o que demonstra uma diminuição muito boa, haja vista que neste período lançamos mais R$ 110 milhões", explicou ele lembrando que para esse ano a empresa prevê que os lançamentos atinjam R$ 350 a R$ 400 milhões de Valor Geral de Vendas.