Vendas de cimento aumentam em março
Porém, os resultados ainda não refletem o impacto da redução de Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) concedida pelo governo aos materiais de construção
8 de abril de 2009 - Depois de dois meses de queda, as vendas de cimento voltaram a subir em março. O volume comercializado no País chegou a 4,2 milhões de toneladas, alta de 11,5% sobre mesmo mês de 2008, e de 18,2% sobre fevereiro. O desempenho de março foi o que garantiu o saldo positivo do trimestre - nos três primeiros meses do ano houve alta de 2,1%, para 11,7 milhões de toneladas, sobre mesmo período um ano antes.
Em fevereiro último, o volume de vendas havia caído 3,2% e, no mês de janeiro, 1,7%, comparados a mesmo mês de 2008 - depois de um ano em que a taxa de crescimento chegou à faixa dos 15%.
Nos 12 meses encerrados em março, foram 51,3 milhões de toneladas vendidas, 11,3% mais que no mesmo período um ano atrás e o maior volume da série histórica, batendo o recorde de dezembro de 2008, quando a soma dos 12 meses chegou a 51 milhões de toneladas.
"O resultado está dentro do que esperávamos", disse o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), José Otávio Carvalho. "No começo do ano é difícil olhar os meses isoladamente, pois é um período de chuva e há muitos feriados, fatores extremamente sensíveis às vendas de cimento. Com o resultado trimestral já podemos ter uma idéia melhor, e acreditamos que será possível manter o nível de consumo de 2008", afirmou.
Na comparação das vendas por dia útil - indicador mais preciso para o setor, por dessazonalizar as comparações -, as vendas de março foram 4,5% maiores que março de 2008, com 175,9 mil toneladas ao dia, mas 1,5% inferiores a fevereiro.
Os resultados de março ainda não refletem o impacto da redução de Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) concedida pelo governo aos materiais de construção, que entrou em vigor no dia 1 de abril, mas o setor conta com as medidas públicas anunciadas no mês passado para a construção civil para não ter um 2009 negativo.
No caso do cimento, o imposto caiu de 4% para zero, e surpreendeu a indústria da construção, já que, do R$ 1,1 bilhão de renúncia fiscal calculada pelo governo em um ano de isenção para a cadeia, R$ 600 milhões viriam apenas das vendas de cimento, segundo estimativa da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco).
O diretor comercial da Lafarge, Rogério Silva, lembra ainda que o cimento é um produto de giro rápido, e está sendo um dos primeiros a chegarem às prateleiras com o preço menor. Muito volumosos para serem estocados, os sacos de cimento são comprados pelas lojas entre duas e três vezes por semana. "O cimento acaba tendo um aspecto psicológico. O fato de ser o primeiro a já estar com o preço mais baixo gera otimismo no consumidor", disse.
A Lafarge também prevê um mercado estável em 2009, segurado pelos pacotes de estímulo do governo. E essa perspectiva já é o suficiente para a empresa de origem francesa manter as expansões que desde 2007 planeja para o Brasil.
Em 2008, a expansão das unidades e reativação de linhas que estavam paradas já rendeu um aumento de 12% na capacidade. Apenas na fábrica de Montes Claros (MG), a capacidade foi dobrada, para 800 mil toneladas ao ano, e, com os ajustes previstos para 2009, pode chegar a 900 mil. "Se 2009 irá manter o consumo de 2008, em 2010 com certeza iremos precisar dessa capacidade extra", disse Silva.
Em quatro das cinco regiões do País houve aumento no despacho de cimento em março. O maior avanço aconteceu no Nordeste, onde as vendas de cimento subiram de 690 mil toneladas em março de 2008, para 838 mil no mês passado, o que representa uma alta de 21%.
No Centro Oeste, houve aumento de 19,5%, para 460 mil toneladas. No Sudeste, de onde sai metade do cimento produzido no País, as vendas subiram 9,7% em março, para 2,1milhões de toneladas. Na região Sul, foram produzidas 634 mil toneladas, 5,4% mais que em março do ano passado.
Única região a registrar queda no mês, o Norte produziu 134 mil toneladas, 7,2% menos que as 144 mil toneladas registradas um ano antes.
Fonte: Gazeta Mercantil