Vendas de materiais de construção caem
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Abramat projeta queda de 2,2% no faturamento deste ano em relação a 2021
A queda no volume de vendas de materiais de construção se deu em paralelo com o crescimento do desempenho das construtoras no último trimestre (Foto: Bannafarsai_Stock/Shutterstock)
24/10/2022 | 11:45 — Com a queda nas vendas de materiais de construção, justificada pela elevação nas taxas de inflação, de juros e estoques, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) anunciou que projeta queda de 2,2% no faturamento deste ano, em comparação a 2021.
Ainda que o mercado esteja aquecido, o varejo do setor acumula declínio de 5% no volume de vendas — um cenário que tem preocupado as instituições da indústria da construção civil atualmente.
O vice-presidente da Associação do Comércio de Materiais de Construção de Minas Gerais (Acomac-MG), Paulo Machado Zica de Castro, é um deles. “Meu faturamento está muito próximo ao que foi no mesmo período do ano passado. Mas estou vendendo menos. É que o preço médio do produto em 2021 era inferior”, explica Castro, que também é proprietário da Casa Ferreira Gonçalves.
Para ele, por mais que a tendência seja de estabilidade para os próximos meses, a circunstância ainda é preocupante, já que ele vê o período eleitoral como um possível agravante do quadro. “Devemos nos atentar ao futuro quadro fiscal do Brasil, que está meio incerto. Por enquanto, os juros ainda elevados inibem as vendas no varejo e o lançamento de obras, além de dificultar as negociações de apartamentos novos”, ele conta.
Desempenho das construtoras
A queda no volume de vendas de materiais de construção se deu em paralelo com o crescimento do desempenho das construtoras no último trimestre, que foi de 2,5%. Os dados são da Câmara da Indústria da Construção da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).
O presidente da Fiemg, Geraldo Linhares, contou que as empresas construtoras, responsáveis pelas obras formais, não compram os produtos em depósitos de materiais de construção, mas sim, diretamente com os fabricantes, com exceção de tintas. Ele ressalta que os materiais, neste caso, “permaneceram praticamente sem acréscimo, com exceção do concreto, que subiu em função do aumento do cimento a granel”. Segundo Linhares, a queda nas vendas do varejo tem relação direta com a diminuição das obras informais – consumidoras deste tipo de comércio.
Ele também acredita que a regulamentação do uso do FGTS futuro tenha sido outro ponto positivo para o setor. “Vai ser muito benéfico e vai trazer grandes resultados. Com certeza, as vendas vão aumentar e toda a cadeia produtiva vai se beneficiar”, analisa.
A Abramat completou o relato ao divulgar o Termômetro da Indústria de Materiais de Construção — uma pesquisa de opinião, feita com lideranças do setor, que indicou otimismo dos associados para o desempenho do setor em outubro. Ao todo, 46% dos entrevistados estimam bons resultados no mês, e outros 4% aguardam uma performance muito boa.