Votorantim compra mais ações e chega a uma fatia de 21% na Cimpor
Juntas, Votorantim e Camargo Corrêa já detêm direitos de voto de mais de 60% na cimenteira portuguesa
18 de fevereiro de 2010 - Enquanto a CSN tenta convencer os acionistas da cimenteira portuguesa Cimpor a aceitarem sua oferta de compra, suas rivais vão ampliando a participação na companhia. Ontem, a Votorantim anunciou a compra de mais 3,93% de ações da portuguesa Cimpor, que pertenciam à Cinveste. Com a nova fatia, a participação da Votorantim passa a ser de 21,16%. A empresa brasileira adquiriu 26.402.425 ações de emissão da Cimpor, pelo montante de 154,45 milhões, o correspondente a 5,85 por ação.
Anteriormente, a Votorantim tinha comprado 17,28% da Cimpor que pertenciam ao grupo francês Lafarge e celebrado acordo de acionistas com a Caixa Geral de Depósitos (CGD), que possui 9,6% de participação na cimenteira portuguesa. Com essas operações, a Votorantim tem direito a voto conjunto com a CGD em determinadas matérias, que corresponde à participação votante de 30,76% na Cimpor.
A outra brasileira na disputa, a Camargo Corrêa, já garantiu uma fatia de cerca de 31,17% na Cimpor. Na segunda-feira, havia fechado a compra de uma participação de 2,5% do grupo Teixeira Duarte - o mesmo do qual já havia comprado uma fatia de 22,17%, por cerca de 1 bilhão. A Camargo também já comprou outros 6,5% da holding espanhola Bipadosa. Com isso, Votorantim e Camargo já garantiram uma participação, direta e indireta, de mais de 60% na cimenteira portuguesa, tornando cada vez mais difícil o sucesso da oferta pública de aquisição da CSN, que termina na próxima segunda-feira. Ontem, o conselho da Cimpor voltou a rejeitar a proposta da siderúrgica (ver ao lado).
Revisão
A Votorantim informou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o órgão regulador do mercado de ações de Portugal, que existem mecanismos de revisão de preço que ajustam a contrapartida devida pela empresa à Cinveste. Isso significa que o preço final a ser pago pelas ações dependerá da oferta pública feita pela CSN. No dia 12 de fevereiro, a Votorantim também havia informado à CMVM que havia mecanismos de revisão de preço também na compra de 17,28% das ações da francesa Lafarge. Na ocasião do negócio, a Votorantim informou que pagaria pelas ações com fábricas no Brasil, mas, por meio do comunicado, esclareceu que isso dependeria da oferta pública em curso ou de eventual oferta concorrente.
A Bipadosa, que vendeu a fatia de 6,5% para a Camargo Corrêa, também informou que essas ações poderão ser vendidas à CSN, se a Camargo instruí-la a vender os papéis na oferta. Isso poderia ocorrer se o preço superar os 6,50 pagos pela companhia brasileira.
Fonte: O Estado de S. Paulo - SP