Votorantim investe para atender novas frentes de demanda
Pacote de R$ 2,5 bilhões vai contemplar sete fábricas nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte
28 de abril de 2010 - Estimulada pela interiorização do desenvolvimento, por grandes obras de infraestrutura, programas habitacionais e pela expansão da renda e crédito da população, a Votorantim Cimentos (VC) lançou ontem um novo pacote de investimentos para instalar novas fábricas no país. A nova fase contempla R$ 2,5 bilhões para erguer oito fábricas até 2013. Três delas ficarão no Nordeste (Maranhão, Ceará e Bahia), duas no Centro-Oeste (Mato Grosso e Goiás), duas no Norte (Pará) e uma no Sul (Paraná).
Nas duas fases anteriores - uma em 2007 e outra em 2008 -, foram anunciados outro tanto de recursos, alcançando R$ 5 bilhões. Desse pacote, no momento há cinco fábricas em construção, que ficarão pronta até 0 fim de 2011. Parte dos recursos é do próprio caixa do grupo Votorantim e parte tem empréstimo do BNDES. Ao fim desse período, a VC ficará com 35 fábricas, com capacidade para fazer 42 milhões de toneladas.
"Isso vai nos permitir operar com uma capacidade ociosa média de 15% a 20%, que é uma situação confortável para poder atender a demanda em períodos de pico, afirmou Walter Schalka, presidente da VC. Atualmente, informou ele, o nível de ociosidade das fábricas está entre 5% e 10%. Para este ano, a empresa prevê produzir 24 milhões de toneladas, o que representará aumento de 10% sobre o ano passado.
Os novos investimentos, segundo o executivo, consideraram uma taxa de crescimento de 5% ao ano no consumo nacional de cimento nos próximos anos. Em 2010, por exemplo, a previsão do setor já é de 56 milhões de toneladas - alta de 9% sobre o volume de 2009. Schalka disse que a demanda será puxada, em primeiro lugar, pelo segmento de moradias, com planos como o Minha Casa, Minha Vida (habitação popular), por investimentos industriais e comerciais e por obras de infraestrutura, caso de de hidrelétricas e rodovias.
No momento, a VC negocia com o consórcio vencedor da licitação da megahidrelétrica de Belo Monte, no Pará, o fornecimento de cimento para a obra, informou Schalka. "Estimamos que essa obra vai consumir 1 milhão de toneladas durante a construção".
O abastecimento da obra poderá ser feito inicialmente a partir de duas fábricas atuais - Xambioá, no norte de Tocantins, inaugurada no ano passado, e Nobres, em Mato Grosso. Mas outra fonte de suprimento poderá vir de uma das duas novas instalações que serão montadas no Pará até 2013, ainda sem local definido. O executivo avalia que a logística de fornecimento não é nada fácil.
No caso das hidrelétricas do Rio Madeira - Santo Antônio e Jirau -, em Rondônia, o processo foi diferente. A VC decidiu construir uma fábrica em Porto Velho, com capacidade d 750 mil toneladas por ano, que acabou ganhando o contrato de fornecimento total de cimento das duas obras. Segundo Schalka, apenas grandes projetos não justificam uma fábrica, pois suas obras duram de quatro a cinco anos e a instalação fica no local. A aposta é na demanda futura, a ser gerada com crescimento econômico da região.
Fonte: Valor Econômico - SP