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Como impermeabilizar jardineiras suspensas?

Engenheira especialista em impermeabilização lista recomendações para barrar vazamentos, manchas, bolhas e goteiras. Cuidados com a drenagem e manutenção são fundamentais

Publicado em: 15/03/2022

Texto: Eric Cozza

imagem de um jardim com passagens centrais e repleto de plantas. Ao lado, uma rua com faixa de pedestres
Coletores desobstruídos, caimentos adequados e altura da terra em relação à impermeabilização são algumas das preocupações com as jardineiras (Foto: Shutterstock)


Problemas com vazamentos ou umidade indesejável em jardineiras suspensas são comuns em condomínios residenciais e comerciais. Além da exposição natural às chuvas, são áreas que precisam ser regadas em períodos secos e, portanto, mantém ligação constante com a água. Também estão em contato direto com plantas, cujo controle sobre o desenvolvimento nem sempre é preciso.

Por conta disso, há uma série de cuidados a serem tomados desde o projetista, passando pela construtora responsável pela execução até o condomínio ou a empresa encarregada da manutenção para evitar futuras patologias, tais como manchas, bolhas e goteiras.

A engenharia civil Maressa Menezes é pós-graduada em Engenharia de Materiais e em Tecnologia da Impermeabilização. Possui experiência em impermeabilização e químicos para construção civil, com ênfase em assistência técnica para a especificação de produtos e sistemas em obras. Ela é a convidada do podcast “AEC Responde” para falar sobre os cuidados de projeto, execução e manutenção de jardineiras.

AEC Responde – Como é que se impermeabiliza jardineiras para evitar vazamentos, manchas, bolhas ou goteiras?

Maressa Menezes – O primeiro ponto que devemos avaliar é o sistema de impermeabilização. Precisamos especificar um sistema que atenda aos requisitos de durabilidade e desempenho. Então, para jardineiras suspensas, para lajes elevadas, precisamos trabalhar sempre com um sistema de impermeabilização flexível. Na linha de sistemas pré-fabricados, podemos trabalhar com a manta asfáltica. Ou com sistemas de membranas, como poliuretano, por exemplo.

ilustração explicando o conceito aplicado por Maressa
Manter a altura máxima da terra a, no mínimo, 10 cm abaixo do topo da impermeabilização é uma das providências recomendadas para evitar permeabilidade e danos aos materiais de acabamento. (Ilustração: Impersolutions)
A drenagem é fundamental para áreas ajardinadas, então, temos que respeitar os caimentos (...) e fazer uma boa distribuição dos coletores, a cada 6 ou 7 metros
Enga Maressa Menezes, especialista em impermeabilização

AEC Responde – Há algum tipo de sistema construtivo mais indicado ou, por outro lado, que deve ser evitado? Quais são os cuidados gerais e, em especial, com a drenagem?

Maressa – A drenagem é fundamental para áreas ajardinadas, então, temos que respeitar os caimentos, trabalhando com, pelo menos, 1% de caimento em direção aos coletores. Fazer também uma boa distribuição desses coletores, a cada 6 ou 7 metros, para termos escoamento adequado. E, como complemento, sugerimos também trabalhar com um geocomposto drenante, para ajudar no escoamento. Sobre os detalhes construtivos, temos alguns pontos importantes em relação à execução da impermeabilização. Por exemplo, a altura máxima da terra da jardineira deve estar sempre a 10 cm abaixo do topo da nossa impermeabilização. Se não respeitarmos esse pequeno detalhe, podemos até não verificar vazamento no pavimento inferior, mas teremos passagem de água, da umidade da terra sobre a impermeabilização, o que vai comprometer o acabamento da jardineira, na parte externa. Se houver pintura, uma pedra ou um revestimento, teremos manchas e estufamento ali nessa região.

ilustração explicando o conceito aplicado por Maressa
Prever caimentos mínimos de 1% em direção aos coletores, mantê-los limpos e desobstruídos e utilizar geocomposto drenante sobre o sistema são providências indicadas. (Ilustração: Impersolutions)

AEC Responde – Existem plantas que devem ser evitadas em jardineiras?

Maressa – Pergunta importante. Nos sistemas de jardineiras, é sempre recomendável prever o inibidor de raiz. Há uma manta asfáltica específica com o aditivo anti-raiz ou pode-se adotar a proteção mecânica do sistema, com uma pintura anti-raiz. Mesmo assim, devemos evitar grandes arbustos, coqueiros ou plantas de grande estatura, que podem ter raízes profundas. Nesse caso, ao longo do tempo, mesmo com inibidor, podemos ter perfurações do sistema de impermeabilização.

As pessoas também perguntam: Como impermeabilizar o ralo e garantir um bom caimento?

AEC Responde – E em relação aos procedimentos de manutenção e limpeza? O que precisa ser feito para manter o sistema funcionando bem? 

Maressa – A manutenção deve prever a limpeza comum do jardim, mas, principalmente, uma atenção especial e cuidados com os coletores. É preciso mantê-los limpos e desobstruídos. Verificar se não temos entrada de raiz, de terra ou qualquer outro tipo de sujeira. Mantê-los limpos e desobstruídos é muito importante para atender às questões de escoamento. Há também alguns detalhes específicos de projeto que costumamos especificar para facilitar a manutenção das captações ao longo do tempo.

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Colaboração técnica

Maressa Menezes – Graduada em Engenharia Civil pela Universidade de Mogi das Cruzes, é pós-graduada em Engenharia de Materiais pela mesma escola, em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e em Tecnologia da Impermeabilização pelo Instituto IDD-SP. Possui experiência profissional em impermeabilização e químicos para construção civil, com ênfase em assistência técnica para a especificação de produtos e sistemas em obras imobiliárias, industriais e de infraestrutura. Trabalhou na Weber Saint-Gobain, Denver, Holcim Brasil, Vedacit e Sika.