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Como impermeabilizar o ralo e garantir um bom caimento?

Consultor em impermeabilização detalha duas soluções com materiais diferentes e orientações das normas técnicas para conduzir a água ao ralo

Publicado em: 21/02/2022

Texto: Eric Cozza

imagem de um ralo de chuveiro com um chuveiro menor ao chão, molhados
Ralo costuma empregar dois tipos de impermeabilização: a pré-fabricada, com destaque para a manta asfáltica, ou o material moldado in loco, que pode ser pastoso ou líquido (Foto: Shutterstock)


Difícil encontrar um profissional experiente da construção civil que nunca tenha se deparado com problemas de impermeabilização ou falhas no caimento de ralos. O resultado não costuma demorar muito a aparecer: manchas e eflorescências causadas por infiltrações ou água empoçada, gerando reclamações dos usuários. Apesar de os procedimentos não serem considerados complexos, uma boa execução exige atenção às normas técnicas e às especificações de projeto, além de cuidados com os detalhes.

Mestre em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Marcos Storte possui larga experiência na área de impermeabilização. Diretor da A2S Engenharia e Perícia e professor de pós-graduação em vários cursos de patologia em obras civis, ele é o convidado do podcast “AEC Responde” para falar sobre os procedimentos e recomendações técnicas para garantir um bom caimento e a correta impermeabilização de ralos.

AEC Responde – Como se faz uma impermeabilização de ralo adequada e com um bom caimento?

Marcos Storte – É importante ressaltar que existem ralos nos boxes de banheiro e também em áreas externas, que captam águas pluviais. De uma forma bem básica, para um bom arremate de ralo, é preciso entender que existem dois tipos de impermeabilização: a pré-fabricada, sendo um dos exemplos mais tradicionais a manta asfáltica – mas existem outros – e o material moldado in loco: líquido ou pastoso.

A Norma NBR 9575 pede o caimento mínimo de 1% para os coletores de águas servidas ou de águas pluviais, de 1% nas áreas externas e de 0,5% para a área do box ou das calhas
Marcos Storte 

AEC Responde – Vamos começar, então, pela manta asfáltica. Como funciona esse sistema para a impermeabilização de ralos?

Storte – O sistema de manta asfáltica tem uma espessura mínima, definida por norma técnica, de 3 mm. Então, isso nos obriga a fazer um rebaixo na regularização na área próxima ao ralo. O ideal é que seja um quadrado de 40 por 40 centímetros, para que acomode essa espessura do primeiro reforço da manta asfáltica. E a manta propriamente dita, quando vier por cima desse reforço, não vai criar um obstáculo para que a água possa caminhar livremente e não haja uma retenção de umidade naquela região ao redor do ralo, prevenindo assim futuras manifestações patológicas, como o manchamento do piso ou o aparecimento de eflorescências.

desenhos que explicam a teoria aplicada em ralos

Na impermeabilização pré-fabricada, é necessário um rebaixo na argamassa de regularização para acomodar o reforço do ralo, ou seja, um quadrado de 40 x 40 cm, que não seja um obstáculo para o escoamento da água sobre a impermeabilização. (Ilustração: A2S Engenharia e Perícias) 

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AEC Responde – E o sistema moldado in loco? Como funciona?

Storte – O sistema moldado in loco também recebe um reforço no ralo, normalmente uma tela de poliéster resinado incorporada entre as demãos do material moldado in loco. Então, como o material de reforço já faz parte do sistema propriamente dito, não cria nenhum obstáculo porque está inserido em uma espessura única.

desenhos que explicam a teoria aplicada em ralos

Na impermeabilização moldada in loco, seja líquida, pastosa ou argamassada, o reforço do ralo é feito com uma tela de poliéster resinado, incorporada ao sistema. (Ilustração: A2S Engenharia e Perícias)  

AEC Responde – Ok, mas de nada adianta uma boa impermeabilização se não houver um bom caimento para o ralo. Como é que se faz isso?

Storte – Antes de tudo, é importante ressaltar que nós devemos ter um projeto de impermeabilização, no qual todos esses caimentos estarão previstos e projetados. A Norma NBR 9575 pede o caimento mínimo de 1% para os coletores de águas servidas ou de águas pluviais, de 1% nas áreas externas e de 0,5% para a área do box ou das calhas.

AEC Responde – Como é que se chega nessa inclinação, por exemplo, no caso de um revestimento cerâmico?

Storte – O correto é você fazer uma argamassa de regularização para não permitir que a água fique empoçada longe do ralo. Se eu preciso que a água seja conduzida até o ralo, tenho que executar uma argamassa de regularização, criando um desnível das áreas mais distantes do ralo, com maior espessura, até a proximidade do ralo, com menor espessura, obtendo assim aquele 1% de caimento nas áreas externas e de 0,5% na área dos boxes e das calhas.

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Colaboração técnica

Marcos Storte – Mestre em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, possui larga experiência na área de impermeabilização e acústica. Diretor técnico da A2S Engenharia e Perícia, é autor de mais de 60 trabalhos apresentados em simpósios nacionais e internacionais e professor de pós-graduação em cursos de patologia em obras civis. É autor do livro "Látex Estireno Butadieno – Aplicação em Concretos de Cimento e Polímeros" e do ebook “Impermeabilização na Construção Civil”.