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O que são juntas metálicas para pisos industriais de concreto?

Fabricadas em aço, permitem a movimentação horizontal entre as placas de concreto e a transferência vertical de cargas. Baixo custo de manutenção ao longo da vida útil pode compensar investimento inicial

Publicado em: 23/09/2024

Texto: Eric Cozza

Detalhes da instalação das juntas metálicas em pisos industriais de concretoAo minimizar as paradas de manutenção, as juntas metálicas podem se tornar mais econômicas do que as tradicionais. Especialmente no caso de passagem de empilhadeiras, pois evitam a necessidade de lábios poliméricos, que também possuem custo elevado (Imagem: LPE Engenharia)


As juntas possuem um papel fundamental nos pisos industriais. Permitem movimentações horizontais que ocorrem devido às variações volumétricas do concreto e possibilitam também a transferência de carga entre placas contíguas.

Os tipos de juntas mais comuns são do tipo construção ou as serradas. Mas há um material que vem ganhando espaço nesse segmento: as juntas metálicas.

Como funcionam e quando são indicadas tais juntas? A eventual redução do custo de manutenção dos pisos justifica o investimento? Como escolher a junta metálica mais adequada?

Para tirar essas dúvidas e aprofundar um pouco mais sobre o assunto, convidamos para o Podcast AEC Responde o engenheiro civil e projetista de pisos industriais, Wagner Gasparetto, diretor-presidente da LPE Engenharia e atual presidente da ANAPRE (Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho).

Ouça o áudio na íntegra e/ou leia entrevista, a seguir.

AECweb – O que são juntas metálicas para pisos industriais de concreto?

Wagner Gasparetto – As juntas metálicas são, em geral, utilizadas em substituição às juntas de construção. Possuem a mesma função: permitir a movimentação horizontal entre as placas e a transferência vertical de cargas. São feitas de um aço apropriado para não sofrerem desgaste superficial. E muitas delas possuem benefícios adicionais em relação às juntas de construção.

AECweb – Esse tipo de solução possui um custo inicial superior quando comparado às juntas tradicionais. Em quais casos se aplica e quando se verifica uma redução dos custos de manutenção capaz de justificar, no médio ou longo prazo, o investimento na tecnologia?

Gasparetto – Sim, as juntas metálicas têm um custo inicial superior às tradicionais. Mas não podemos esquecer que eliminam as barras de transferência, o uso de fôrmas e, muitas vezes, substituem os selantes. Algumas são sealant-free, pois possuem uma chapa metálica inferior que, em até 25mm, permitem operar com as juntas senoidais sem o uso de selante. Quando pensamos no longo prazo, no custo de manutenção, esse valor inicial superior acaba amortizado. Ao minimizar paradas de manutenção, as juntas metálicas podem se tornar mais econômicas do que as tradicionais. Especialmente no caso de passagem de empilhadeiras, pois evitam a necessidade de lábios poliméricos, que também possuem um custo elevado, além da própria necessidade de manutenção ao longo do tempo. Vejo, então, uma grande vantagem de utilização, especialmente nas áreas de picking (pontos onde ocorre a separação e coleta de produtos para atender aos pedidos) dos galpões logísticos e nas portas de câmaras frigorificadas com alto tráfico de empilhadeiras, principalmente de rodas rígidas, que podem causar danos às juntas de construção.

AECweb – Ou seja, nesses casos elas são mais competitivas e, muitas vezes, até necessárias...

Gasparetto – É isso mesmo. A nossa recomendação é que, nas juntas de construção com passagem de empilhadeiras, especialmente nas áreas de picking em galpões logísticos, sejam utilizadas as juntas metálicas, especialmente quando se trata de um empreendimento triple A (instalação de alto padrão, no caso, para operações logísticas). Também indicamos para as portas de passagem das empilhadeiras, com tráfego direcionado, nas câmaras frigorificadas. Hoje, estão disponíveis, inclusive, juntas metálicas que são aquecidas para serem utilizadas nas portas de câmaras em ambientes congelados, com temperaturas negativas.

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AECweb – Qual é a diferença, em termos de desempenho, entre as juntas metálicas retas e as senoidais?

Gasparetto – As juntas senoidais são assimétricas. Tal característica permite que as rodas das empilhadeiras estejam sempre em contato com a superfície. No caso das juntas retas, há o impacto da passagem da roda porque, em geral, são perpendiculares aos corredores. No caso das senoidais, isso não ocorre, o que reduz bastante a manutenção das rodas rígidas e a vibração nas empilhadeiras. Além disso, como eu comentei na questão anterior, as juntas metálicas senoidais têm a possibilidade de ter uma placa inferior. Portanto, são sealant-free. Isso proporciona uma grande diferença no custo de manutenção ao longo do tempo. Nas juntas, o material incompressível penetra e começa a bloquear a movimentação das placas de concreto por retração termohigrométrica. A base metálica por baixo da abertura não permite que esse material incompressível penetre. Isso traz um benefício adicional para a placa de concreto.

AECweb – O que são as juntas de reparo?

Gasparetto – Os fabricantes e fornecedores de produtos para o segmento perceberam que as juntas metálicas têm um grande benefício no que diz respeito à manutenção. Então, onde haveria manutenções recorrentes nas juntas de construção, existe a possibilidade de fazer um fresamento e acomodar uma junta metálica que, na verdade, não se aplica para a seção transversal inteira do piso. É uma junta metálica superficial, que se acomoda por cima da barra de transferência. Você faz o fresamento superficial e a recuperação com graute e argamassa polimérica, para incorporar a junta metálica. Trata-se de um procedimento sofisticado e duradouro, que substitui os lábios poliméricos que, normalmente, são utilizados para reparo das juntas de construção. Pode ser empregado, inclusive, nas juntas serradas, quando acontece algum problema. É uma solução interessante para áreas de alto tráfego com manutenção recorrente dessas juntas.

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Colaboração técnica

Wagner Gasparetto – Diretor-presidente da LPE Engenharia, é engenheiro civil pela Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie com MBA em marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Atua, desde 1985, no desenvolvimento do mercado de pisos e pavimentos de concreto. Publicou inúmeros trabalhos técnicos no segmento de pisos de concreto e participou de vários congressos e seminários internacionais. É membro de comissões da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) de normas relacionadas ao segmento. Integrou a diretoria executiva da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural). Atual presidente da ANAPRE (Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho).