Apesar de ser a sétima economia do mundo no quesito saneamento básico, o Brasil ainda deixa a desejar. Segundo estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil, em 2016, apenas 45% do esgoto gerado passa por tratamento. Ou seja, 5,2 bilhões de metros cúbicos por ano são despejados diretamente na natureza.
E mais: após dez anos depois de sancionada a Lei do Saneamento Básico, mais de 4,4 milhões de residências no Brasil ainda não têm coleta. A falta de saneamento impacta diretamente na saúde e na economia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada 1 real investido em saneamento básico, 4 reais são economizados em tratamentos de saúde.
No quesito de ganhos econômicos, se todos os brasileiros tivessem rede de água e esgoto, o retorno financeiro não se limitaria à geração de empregos, obras realizadas ou pagamento de impostos. Os benefícios incluiriam também a valorização do imóvel e o aumento do turismo na região.
Trata-se de um cenário de desafios, mas também de oportunidades. Em julho de 2017, o presidente Michel Temer assinou a Medida Provisória (MP) que instituiu o novo marco legal do saneamento básico. O texto deu à Agência Nacional de Águas (ANA) a atribuição de regulamentar o setor, que é de atribuição constitucional dos municípios brasileiros. A matéria também estabelece normas para possibilitar investimentos por meio de parcerias público-privadas (PPPs).
Podemos dizer que embora o atual governo tenha um enorme desafio para colocar o Brasil em uma rota de crescimento econômico, com o aumento da segurança e a melhora na saúde pública, é neste último setor que o saneamento pode ser seu principal aliado, com a melhoria dos índices de desenvolvimento humano (IDH) e, por consequência, a redução de proliferação de doenças e outros fatores que afetam a saúde humana, que normalmente tem a falta de saneamento como seu principal vetor de contaminação.
É evidente que o Brasil reúne todas as condições para universalizar o serviço de saneamento em todas as regiões, com eficiência e qualidade. Temos grandes áreas disponíveis para a construção de estações de tratamento e acondicionamento de resíduos sólidos e esgoto. Isso sem contar o número expressivo de agentes qualificados aliados à comunidade acadêmica e as tecnologias de ponta presentes no mercado, inclusive, fabricadas no País.
Estamos falando, por exemplo, de soluções voltadas à engenharia, que garantem e até melhoram a qualidade do solo, do ar e dos aquíferos, como os geossintéticos. Tratam-se de materiais sintéticos fabricados por meio de matérias-primas controladas e desenvolvidas especialmente para esta finalidade.
Seu processo de fabricação, considerado um dos mais modernos do mundo, oferece ao mercado produtos com características e desempenhos distintos, como impermeabilização, drenagem, proteção mecânica, filtração, entre outros, possibilitando construções de grandes áreas protegidas denominadas de aterros sanitários ou estações de tratamento de esgoto.
Os geossintéticos têm importante função em obras de engenharia, por agregarem desempenho, rapidez, segurança e tecnologia industrial às obras, além de serem soluções que possibilitam reduzir o uso de recursos naturais – função fundamental na engenharia moderna.
Com vistas a essa oportunidade, o CTG – Comitê Técnico de Geossintéticos da ABINT (Associação Brasileira das Indústrias de Nãotecidos e Tecidos Técnicos) apoia o setor, que investe continuamente em pesquisa e desenvolvimento com o objetivo de atender às demandas do mercado de forma eficaz e competitiva. A partir desse trabalho, o CTG oferece ferramentas de apoio ao desenvolvimento do setor para que o mercado brasileiro de geossintéticos possa participar de forma competitiva das iniciativas voltadas ao saneamento básico.