A construção civil e o uso das edificações são os maiores responsáveis pelo consumo de recursos naturais (16,6% de água potável, 25% de madeira, 40% de combustíveis fósseis e materiais manufaturados). Esta indústria responde, também, pelo processo de contaminação atmosférica, através das emissões de C02, principal gás do efeito estufa.
Em função das exigências de conforto ambiental em edifícios (gerado principalmente por meio de sistemas e equipamentos supridos com energia proveniente de fontes não renováveis), o consumo energético em edifícios comerciais representa 19,9% (BEN, 2015) do total consumido no país.
Frente à crise energética e de recursos é importante repensar a forma como vem sendo executada a manutenção e operação das edificações existentes durante sua vida útil, para incluir, de forma clara, técnica e economicamente viável, as considerações energéticas e ambientais com vistas à redução de insumos (energia elétrica e água) e de seus impactos.
Edificações mais antigas são confrontadas aos novos padrões de qualidade e na medida do possível, vêm passando por um processo de atualização (renovação), tornando-as compatíveis com o desempenho exigido atualmente.
A crescente utilização de sistemas prediais de alta tecnologia aumentou a complexidade da operação das edificações novas. Em nossas consultorias e auditorias, muitas vezes, nos deparamos com gestores de manutenção predial que não possuem o conhecimento necessário para assegurar o desempenho das instalações, impedindo uma operação otimizada e, ocasionalmente, impossibilitando a eficiência energética. Temos vivenciado intervenções em edificações existentes cujas reduções nas faturas de energia elétrica e de água chegaram a 30%, quando operado e gerenciado corretamente, em média de após um ano de conclusão do retrofit.
Vários países no mundo têm ou estão produzindo leis e incentivos para que as edificações sejam projetadas, construídas e operadas de forma ambientalmente responsável e com alto desempenho.
O Governo Federal, já há algum tempo, diante dos resultados das Conferências Internacionais de Mudanças Climáticas, vem atuando em prol da sustentabilidade de suas edificações por meio políticas públicas, como por exemplo o PROCEL EDIFICA (Etiquetagem de Eficiência Energética de Equipamentos e Edificações Públicas, pela Instrução Normativa N.2/ MPOG), que obriga a emissão da Etiqueta Nível A com vistas à redução do consumo de energia elétrica nos edifícios públicos novos e existentes. A Instrução Normativa N.10/MPOG exige a elaboração pelos servidores dos Planos de Gestão de Logística Sustentável - PLS, na Administração Pública Federal direta, autárquica, fundacional e nas empresas estatais dependentes, com vistas à redução dos insumos água, papel, copos descartáveis, resíduos sólidos e a realização de compras sustentáveis, etc.
Entretanto, observamos uma lacuna quando se trata de políticas voltadas às edificações existentes ocupadas por empresas privadas, visto que a Etiquetagem Procel ainda é voluntária. Atualmente, tem sido o desejo da valorização imobiliária e a redução dos custos operacionais os incentivos para a maior parte dos condomínios comerciais (e mesmo alguns residenciais) no caminho do retrofit. Muitos desses empreendimentos tiveram o valor do metro quadrado de locação elevado de R$ 13 para R$ 55 após a renovação das fachadas e a implantação de sistemas prediais eficientes.