Os edifícios, como nossos corpos, respiram. Seus invólucros são como peles, têm cor, textura, possuem cheios e vazios, refletem luz, absorvem calor e transpiram. Da mesma forma, como nós, produzem e queimam energia, alimentam-se do ambiente e liberam resíduos. Ao longo do transcorrer das horas do dia ou na variação das estações do ano, podem e devem programar-se para manter os níveis de conforto necessários ao desenvolvimento das atividades.
O arquiteto deve perceber a arquitetura como um corpo vivo, interagindo com o entorno em toda a sua complexidade, avaliando seu nível de salubridade ou constatando a possibilidade da manifestação de futuras patologias. Estas podem ser reduzidas, ou mesmo mitigadas, através da elaboração de pormenores construtivos que, corretamente associados a materiais e revestimentos específicos, garantirão a qualidade estética pretendida, reduzirão custos de manutenção e promoverão a proteção das áreas mais solicitadas.
Esta percepção tem um de seus focos na inserção do edifício no seu contexto climático local, observando atentamente a orientação solar, ventos dominantes, variação de temperatura, altitude, sombreamento, barreiras físicas, densidade construtiva, permeabilidade, entre outros fatores. Deste cuidadoso estudo surgem indicações valiosas para a definição do posicionamento das superfícies opacas e transparentes, para o dimensionamento de aberturas e fechamentos, e para os sistemas de ventilação, sombreamento e proteção solar. São partes de um todo que vão compor este ‘corpo-edifício’ e que exigirão a busca de uma unidade, ou ainda, uma expressão arquitetônica que pode adquirir diferentes feições em função dos materiais propostos.
Assim, a busca de técnicas passivas que promovam a temperatura adequada das edificações, o aquecimento da água, e até a produção de energia, através de fontes solares ou eólicas, ganham importância fundamental no trabalho dos arquitetos, com visíveis desdobramentos na indústria da construção. Nesse sentido, composições de revestimentos podem garantir a massa térmica, onde necessário, além de um eficiente isolamento acústico.
Além das edificações novas, é essencial readequar as já existentes. Programas de incentivo de reformas e retrofits necessitam ser implantados o quanto antes. Em ambos os casos, a escolha dos materiais e revestimentos não pode prescindir de critérios ambientais e da avaliação do seu ciclo de vida. Para auxiliar arquitetos, engenheiros e compradores neste complexo processo de seleção e especificação, um grupo de entidades - entre as quais a AsBEA e o CBCS - , está desenvolvendo uma ferramenta virtual, que permitirá obter informações relevantes quanto a toxidade, resíduos produzidos, reciclagem, utilização de insumos e desempenho dos materiais.
Devemos nos preocupar em cuidar do ambiente construído com a mesma afeição que, hoje, dedicamos ao nosso corpo, pois é da própria condição da sustentabilidade a investigação pormenorizada.