O momento atual mostra uma grande dificuldade para o nosso país, visto que a palavra que mais ouvimos diariamente é “crise”. Segundo o portal Exame, “o mercado brasileiro de construção civil vive uma crise sem precedentes”. Desta forma, não é diferente para o setor de esquadrias de alumínio.
O setor de esquadrias de alumínio já apresentava problemas antes da crise como: baixa valorização dos seus produtos, que gera uma forte pressão por produtos de baixo valor agregado; e a falta de conhecimento dos consumidores e compradores que não exigem produtos que atendam aos requisitos mínimos de desempenho, garantidos pela norma NBR10821.
Grande parte dos consumidores ainda desconhece que uma janela que assobia com o vento ou deixa a água entrar no ambiente, não é normal. Outro problema que afeta o setor é pulverização de fabricantes de esquadrias de alumínio sem qualidade, por desconhecimento próprio, pela falta de conhecimento dos compradores, já explicada anteriormente, e pela falta de barreira de entrada no mercado de produtos fora da norma.
Mas ainda há uma luz no fim do túnel e a crise também pode ser oportuna. E as oportunidades se multiplicam como veremos a seguir.
Com o advento da Norma de Desempenho das Edificações NBR 15.575 – que exige desempenho acústico –, a compra de esquadrias de qualidade para os empreendimentos passa a ser compulsória e, para isso, já existe uma série de requisitos que devem ser seguidos. Um dos mecanismos criados foi o programa setorial de qualidade de esquadrias de alumínio (PSQ), mantido pela Associação de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (AFEAL).
Hoje, o PSQ passa por uma nova fase, de ritmo e clareza no combate a não conformidade. Ele é responsável por fiscalizar o mercado através de denúncias e realizar compras mensais e sistemáticas de produtos que são enviados para análise e avaliação em laboratórios. Já as empresas participantes do PSQ são auditadas, trimestralmente, o que garante um controle maior de qualificação.
Para a conscientização de consumidores e compradores, a AFEAL colocou em ação, no final do ano passado, uma campanha sobre o desempenho mínimo das esquadrias de alumínio veiculada na revista Veja no mês passado, e que será ampliada para 2016.
A campanha esclarece para lojistas e construtores que o não cumprimento das normas técnicas em vigor pelos fabricantes é crime. E que todos os envolvidos na produção e comercialização das esquadrias são solidariamente responsáveis pela qualidade do produto e pelos danos causados ao terceiro adquirente. Acima de tudo, que é direito do consumidor adquirir produtos em conformidade com as normas técnicas. Para tanto, mais de 37 mil lojistas já receberam uma carta de esclarecimento da campanha.
Desta forma, ao longo do tempo empresas não qualificadas ficarão pelo caminho, abrindo espaço para as empresas de produtos qualificados. O aumento de exigências do setor vai permitir uma maior consolidação com o surgimento de empresas com mais participação de mercado, diminuindo a pulverização. A crise, neste sentido, facilitará o movimento de fusões e aquisições, como ocorreu em dezembro de 2015 com a compra do grupo Papaiz, controladora da Udinese, pelo grupo Assa Abloy.
Um setor mais consolidado permite, gradativamente, uma reorganização setorial com base na qualidade. E a qualidade passa a ser uma barreira de entrada para novas empresas sem experiência e tecnologia.
A crise atual vai acelerar os processos de mudança no setor, somado ao aumento das exigências através da norma NBR 15575, das campanhas de conscientização, e do combate a não conformidade do PSQ.
Nos próximos 10 anos, o mercado de esquadriais de alumínio deverá mudar muito, e as mudanças vão em direção ao fortalecimento das empresas fabricantes qualificadas através de uma organização setorial profunda baseada na qualidade.