Venho repetindo há algum tempo que facilitar o financiamento de material de construção, e manter a desoneração de impostos é estratégico para o Brasil.
Como representante do varejo de material de construção, tenho acompanhado nos últimos anos o papel que nosso setor desempenhou ajudando a movimentar a economia e desenvolver o país.
Ainda em 2010, dados do Construbusiness já revelavam a necessidade de crédito para o financiamento habitacional crescendo 9,3% ao ano, passando de R$ 70 bilhões em 2009 para R$ 220 bilhões em 2022.
As fontes tradicionais de financiamento do setor (FGTS e poupança), a despeito de terem uma trajetória promissora de crescimento, já se tornam insuficientes para suprir o crédito requerido. Vemos uma crescente demanda por conta do crescimento das famílias, da depreciação dos imóveis que precisam de manutenção e do déficit habitacional brasileiro.
Ao mesmo tempo, o estudo revelava que, para o Brasil crescer o que deve crescer, deverá passar de 6,9 milhões de pessoas ocupadas na construção civil em 2009 para 10,2 milhões de pessoas em 2022, ou seja, abertura de 3,3 milhões de novos postos de trabalho. Realmente, o que temos visto é um aumento dos postos e a falta de mão de obra qualificada para atuar neles.
Concomitantemente, de acordo com os dados da RAIS, temos hoje no Brasil 138 mil lojas de material de construção. Imagine o número de pessoas empregadas aí direta e indiretamente. Considerando todo este contexto, podemos ter ideia do que essa cadeia produtiva representa para o país, tanto no quesito material quanto na geração de renda e emprego.
Vamos a um exemplo prático do poder desta cadeia. De acordo com a Anfacer - Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, o consumo aparente do produto no Brasil é de 700 milhões de metros quadrados/ano.
Isso se refere a uma extensa cadeia produtiva, que envolve desde a produção da matéria prima, passa pela transformação industrial e uma logística para entregar nos 5570 municípios do país, deixando a cerâmica à disposição do consumidor. O preço médio é de R$ 13,00 o metro quadrado. Multiplique isto por 700 milhões para termos noção do faturamento, apenas da venda da cerâmica.
Numa segunda etapa, esta cerâmica precisará ser instalada por um colocador, que hoje cobra em média pelo serviço de instalação R$ 20,00 o metro quadrado. Multipliquemos este valor pelos mesmos 700 milhões de metros quadrados anuais produzidos no país.
Caso o colocador precise retirar o piso que já está instalado (40% da cerâmica é reutilizada), cobrará mais R$ 15,00 por metro quadrado. Esta renda funciona como uma injeção na veia do consumo local das cidades. O dinheiro sai diretamente do bolso do consumidor para o trabalhador, que o gasta no consumo local.
Sem dúvida, a cerâmica é um item muito importante no leque de produtos da construção civil, mas representa apenas 8% das vendas. Ainda temos a tinta, materiais básicos, etc, etc, etc..., todos com características parecidas, já que o saco de 50 quilos de cimento precisa de gente para transformá-lo em paredes e calçadas.
Como membro do CDES, continuarei na luta para aumentar os financiamentos de material de construção, dar continuidade e ampliar as desonerações tributárias. Não tenho a menor dúvida da importância de incentivar o setor para manter a economia nos eixos. A cadeia da construção continua sendo um grande trunfo do Brasil.