Dezembro de 2019. Nesta data, o termo ‘COVID-19’ foi noticiado pela primeira vez nas redondezas da província chinesa de Wuhan. O que parecia distante, levou menos de três meses para ultrapassar as fronteiras da China e espalhar-se pelo mundo. No Brasil, até o momento em que este artigo foi escrito (abril/2020), a soma era de 22.169 casos confirmados. Neste contexto, por trás dos impactos da pandemia – que vão desde o colapso nos sistemas de saúde aos sinais de uma intensa recessão econômica – é possível enxergar a ação do homem sobre o meio ambiente ao longo dos últimos anos. Afinal, toda ação provoca uma reação.
Para quem ainda duvida da conexão entre humanidade e natureza, basta checar os números. Há indícios de que na China a poluição por dióxido de nitrogênio (NO2) diminuiu em 25% nos meses de janeiro e fevereiro, quando mais de 40 milhões de pessoas estavam em quarentena. Já na Itália, as águas dos canais de Veneza estão cristalinas; em cidades como Milão, as emissões de NO2 caíram cerca de 40%. Por fim, segundo informações divulgadas pela Agência Internacional de Energia (AIE), a demanda por petróleo diminuirá pela primeira vez desde 2009 devido às interrupções dos funcionamentos de indústrias e atividades comerciais.
Diante desse panorama, é inegável a necessidade de nos tornarmos uma sociedade consciente. Ou seja, capaz de alinhar o progresso à preservação da natureza. Nós, os engenheiros, temos um papel significativo nesse movimento.
Na prática, a engenharia é sinônimo de desenvolvimento desde os primórdios da humanidade, quando o homem descobriu a roda e passou a estudar mecanismos para fazê-la funcionar. Atualmente, a profissão trabalha com o propósito de otimizar os serviços prestados à sociedade e na resolução de desafios socioeconômicos em diversos setores. Especificamente, mais de 30 frentes de atuação.
É importante ter em mente que independentemente do ramo da engenharia, o novo cenário social que surge a partir do coronavírus reflete diretamente no posicionamento profissional dos engenheiros, que neste momento de pandemia
podem se dispor a mapear as principais necessidades sociais com o objetivo de colocá-las em prática na fase de pós-crise.
Para início de conversa, o que pode ser feito com os resíduos a fim de diminuir o volume produzido e, consequentemente, melhorar a reciclagem dos insumos? Como é possível otimizar a infraestrutura com saneamento básico de determinada cidade? Ou até mesmo a tendência dos serviços à distância, como delivery e home office, contribui para a diminuição de deslocamentos e emissões de poluentes?
A partir desses questionamentos aparecem os primeiros insights para as soluções. De fato, os engenheiros apresentam uma responsabilidade social e devem agir em relação às últimas transformações mundiais. É preciso parar de focar somente no trabalho técnico e procurar desenvolver um olhar humanitário que apoie o meio ambiente. Juntos somos melhores!