O valor de um projeto de arquitetura é seu preço? É a precificação por hora de trabalho? Ou por metro quadrado? Ou, ainda, um percentual sobre o custo total da obra?
A discussão que proponho vai além do valor financeiro do projeto, quero falar do valor intrínseco a ele, da sua natureza. O valor do projeto é o que ele entrega, é a abrangência das informações que viabilizam sua execução.
É corrente o conhecimento de que, pelo menos, 60% da construção se resolve no projeto, no bom projeto. Destaco que o contratante que não investe no projeto de arquitetura, vai gastar na execução da obra o equivalente a dez vezes o valor que deixou de investir nessa etapa essencial.
Muito além das imagens 3D do que a obra será depois de pronta, o projeto é pensado e detalhado para que a casa, o comércio ou a clínica funcionem plenamente. A experiência acumulada de acompanhar a produção, de “descer” para o canteiro enriquece a criação.
Um bom projeto deve prever, por exemplo, um registro hidráulico que permita o fornecimento de água para toda a edificação, interrompendo apenas para o trecho em manutenção. Detalhes como esse são, muitas vezes, negligenciados. Ou pior, o projeto não é nada além de uma simples planta enviada para a execução e, talvez, indicando a cor da parede ou um móvel. Não passa de uma fotografia vazia.
Quando faltam informações, apenas um construtor mais experiente e interessado resolverá em campo. Na maioria dos casos, não é o que acontece. Mais tarde, quando o contratante se vê em meio aos problemas que literalmente pipocam na casa nova, vai questionar se valeu a pena pagar por aquele projeto.
O valor do projeto está em solucionar programas dos mais simples aos mais complexos e sofisticados. Essa fase, desde a concepção e projetos executivo e complementares envolve tempo de produção, mas otimiza as instalações de maneira inteligente para economizar em infraestrutura e mão de obra.
Um projeto de valor contrata, pelo menos, dez projetos complementares para a arquitetura de uma residência, por exemplo. Em obras de grande porte, chegamos a 30. Já o executivo cobre cada elemento, como a marcenaria e bancada de granito de pias, atentando para a funcionalidade e fluxo da cozinha.
As informações abrangem a caixilharia e suas tipologias – de correr ou integrada, entre outras –, número de folhas, tipos de vidros – float, laminado ou insulado com persianas internas –, com operação manual ou automação com ou sem controle remoto. Contemplam a paginação do piso, pensada para gerar menor número de emendas e otimização do revestimento.
Se depois de todos os projetos prontos, percebemos uma solução melhor para determinado elemento, sempre implementamos, ainda que obrigue a nova compatibilização de disciplinas de interfaces. É um custo para nós que, no entanto, compensa o benefício técnico e financeiro para a obra. Em outras palavras, é o valor do nosso projeto.