A sustentabilidade na construção ganha cada vez mais espaço e, diariamente, recebemos notícias sobre novos empreendimentos do mercado imobiliário com certificações de sustentabilidade, soluções inovadoras em projetos fora do Brasil e uma grande quantidade de produtos e empresas que se declaram sustentáveis. Apesar de todo este movimento na sustentabilidade das construções, pouco se fala destas questões em residências individuais, mesmo sendo a esmagadora maioria no país.
O consumo de cimento é um grande termômetro para a construção civil no Brasil e pode ser um bom parâmetro para dar uma ideia do peso das construções individuais no cenário construtivo. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento, em 2012 foram produzidas aproximadamente 70 milhões de toneladas de cimento, sendo aproximadamente 51% desta produção direcionada para as revendas e lojas de material de construção e pulverizada pelos milhões de pequenos canteiros de obras.
Para uma base de comparação, 12% do cimento produzido aqui foi destinado às construtoras e empreiteiras e o restante destinado à indústria de pré-moldados de concreto, argamassas, entre outros.
Este cenário de forte concentração das obras de pequeno porte e residências individuais nos leva a um panorama de grandes desafios no que tange às questões ambientais das construções. E a sociedade cada vez mais necessita de respostas e orientações sobre como construir e reformar casas de maneira mais sustentável.
Muitas vezes achamos que a sustentabilidade nas construções está restrita a grandes edifícios corporativos, mas, na realidade, podemos sim projetar e construir nossas residências de modo a gerar o menor impacto ambiental possível. Existem soluções bastante simples, como um bom planejamento na compra dos materiais de construção, onde além de economizar dinheiro, reduzimos também a quantidade de resíduos lançada no meio-ambiente. Quem nunca confiou numa lista de materiais do empreiteiro e depois percebeu que havia comprado mais material do que o necessário?
Outra solução simples para residências individuais é sempre fazer a conta do quanto se economizará ao longo da vida útil da residência com determinada solução. Por exemplo, a compra de lâmpadas econômicas, apesar de parecer um investimento inicial alto, se paga em poucos anos de uso, sendo que na grande maioria dos casos ficamos algumas dezenas de anos na mesma casa, ou seja, no final das contas se obtém lucro mesmo pagando um pouco mais caro no início.
Outro exemplo diz respeito à economia de água. Existem soluções simples e baratas como a instalação de arejadores nas torneiras, que são pequenos dispositivos acoplados e que podem reduzir em até 40% o consumo de água. Esta solução tem um custo baixíssimo e costuma se pagar em menos de um ano. Daí em diante, é só desfrutar da economia, com a consciência limpa de que estamos ajudando a preservar o planeta.
Ainda na linha de tomar decisões conscientes no momento da compra, existe uma gama muito grande de produtos de acabamento e materiais de construção ecoeficientes, inclusive alguns home centers, já disponibilizam informações sobre aspectos ambientais destes produtos. Cabe a nós, consumidores, analisarmos estas informações e tomarmos as decisões pautados nas questões ambientais. Além disso, devemos exigir que arquitetos e construtores especifiquem materiais com menor impacto ambiental ou pelo menos justifiquem as escolhas baseando-se nos aspectos de ecoeficiência, além de estética, durabilidade e custo.
Foi com base nesta realidade, que criamos em 2009, a Casa AQUA, um protótipo de construção sustentável residencial que tinha como objetivo mostrar para a sociedade que é possível projetar e construir uma residência individual com sustentabilidade, sem utilizar tecnologias caras ou muito sofisticadas. A casa foi apresentada naquele ano na FEICON (Feira Internacional da Construção de São Paulo) e o sucesso foi tão grande que, em 2010, criamos um novo protótipo da Casa AQUA, porém em um padrão popular, lançado na feira Ambiental Expo. Desde então, temos auxiliado pessoas físicas a projetar e construir de maneira sustentável por meio do Instituto Casa AQUA.