A indústria da construção civil, assim como o restante da indústria brasileira, vive momentos muito difíceis. Tecnicamente, o País vive uma recessão, após queda do PIB por dois trimestres consecutivos e o índice de desemprego tendo alcançado a marca dos 8,3%, o maior nível desde 2012. Estima-se que, em 2015, em torno de 500 mil trabalhadores da construção perderão seus empregos.
No entanto, apesar de o setor, antes da fase atual, ter experimentado um crescimento expressivo, sua produtividade manteve-se em níveis muito baixos se comparada a de outros países. Mas nem tudo é pessimismo. Para algumas empresas, essa baixa produtividade é encarada como oportunidade, pois acreditam que, nestas horas, é que ocorrem as grandes mudanças de paradigma e, portanto, as melhorias de processos acontecem. Os conceitos de sustentabilidade já estão demonstrando as grandes mudanças que o setor enfrentará neste front e que será necessária uma nova forma de produzir construções em um futuro próximo, deixando de ser vista como uma alternativa onerosa, pois comprovadamente dispõe de ferramentas e métodos que reduzem custos, melhoram a produtividade e os resultados financeiros.
Premissas como a economia de recursos naturais através do uso de materiais reciclados, da gestão dos resíduos gerados nas obras, do uso racional da água e da eficiência energética se unem a outros atributos que reduzem o impacto ambiental na implantação dos empreendimentos na estrutura urbana. Questões como a mobilidade urbana, o acesso à infraestrutura, o paisagismo e outros atributos sociais são analisadas e inseridas na concepção do projeto não apenas como temas periféricos, mas, sim, como prioridades que, ao serem analisadas em profundidade, podem mudar a decisão de se construir ou não um edifício.
Está definida, portanto, uma equação complicada: produzir construções mais sustentáveis, trabalhando com maior produtividade em um país em crise profunda. Belo desafio.
Aumentar a produtividade da empresa significa aumentar o lucro e, consequentemente, aumentar a capacidade da empresa de sobreviver e até crescer. Vejo duas frentes viáveis para aumentar a produtividade, sem prejuízo de vendas e market share: através do aumento do preço unitário dos produtos ou do aumento da quantidade produzida, mantendo-se o custo de produção; ou aumentando a produtividade mantendo a receita e atuando na diminuição dos custos dos fatores de produção - insumos materiais, mão de obra e capital. E é o que as empresas do setor estão fazendo: adotando ações para a manutenção das vendas e do nível de produção, ou cuidando para que a perda seja a mínima possível, buscando a otimização dos fatores de produção, através de uma gestão competente.
Desta forma, fica claro que essas novas práticas de conceber, projetar, construir e operar edifícios, atuam diretamente na produtividade das empresas e no alinhamento destas com um novo padrão de demanda mais e mais exigido pela sociedade. Não é coincidência que novas tecnologias apontam diretamente nessa direção ao oferecerem ferramentas de gestão que facilitam e otimizam a transparência de informações e o trabalho compartilhado em equipe, como o Building Information Modelling – BIM, que estão revolucionando o setor e se tornando indispensáveis.
Enfim, os desafios são grandes, o mercado está em crise, mas as oportunidades estão aí para aqueles que acreditam.