Ampliar a capacidade de produção na construção civil sem causar prejuízo na qualidade, sem aumentar custos e o consumo de recursos e ainda garantindo longa vida útil das edificações. Este é um dos grandes desafios atuais do setor e até mesmo um fator determinante para o crescimento sustentável dessa indústria no País.
Atualmente, o Brasil é o 56º no Ranking de Produtividade Global em construção. Nossa produtividade na construção representa 20,3% da produtividade americana segundo estudo da Conference Board divulgado pela FGV. E ainda sofremos um segundo gap: a construção brasileira tem produtividade 68,30% inferior à produtividade da economia do Brasil, de acordo com o mesmo estudo.
Esse cenário tem relação direta com a mentalidade, aceitação e adoção mais lenta de sistemas construtivos inovadores, além da complexidade das normas e a regulamentação morosa para a aprovação de novas tecnologias. A escassez de mão de obra é outro importante fator: além de pouco qualificada, as subcontratações são preponderantes, deixando a responsabilidade pela gestão do processo produtivo no canteiro de obra nas mãos de terceiros. Segundo o estudo Produtividade FGV para CBIC e Hsm Management, aumentar a produtividade de forma sustentável exige planejamento, investimentos e esforços prévios direcionados.
Os sistemas construtivos em uso no País são antigos. Datam, em sua maioria, das décadas de 60 e 70, mantendo a construção civil entre os setores que mais consomem recursos, geram resíduos e não aumentam a produtividade. E já existem inúmeras alternativas disponíveis no mercado. É preciso vencer a resistência, mudar a forma que construímos, melhorar as tecnologias e, assim, obter mais eficiência. Esse deve ser um caminho para o crescimento do setor. Um estudo da EY em conjunto com a Poli-USP mostra que as construtoras devem incorporar em sua estratégia o foco em produtividade, após o aumento nos custos de cerca de 60% ao ano e a queda nas margens de lucro.
Um exemplo de tecnologia já disponível são os painéis sanduíche de poliuretano, solução para construir com mais rapidez, eficiência, redução de mão de obra, menos resíduos e mais durabilidade. O material, já utilizado em grande escala em empreendimentos como shoppings, galpões industriais e também canteiros de obra, foi eleito para a construção da Casa Econômica, projeto da BASF, permitindo que a inovação também seja levada ao uso residencial. Além de priorizar o conforto dos moradores, é um avanço tecnológico rumo à industrialização da construção.
A etapa de estrutura, cobertura e fechamento foi montada em três dias, dez vezes mais rápido do que uma construção tradicional. E por ser um método industrializado, pode ser finalizada em até a metade do tempo, quando comparada aos processos convencionais, tendo a possibilidade de ser ainda mais ágil quando aplicada na construção em série. O processo também garante redução de cerca de 40% na necessidade de mão de obra e com taxa de desperdício de material de apenas 0,5%, o que representa oito vezes menos perdas do que o sistema tradicional.
Ampliar o uso de processos produtivos industrializados, elevar a padronização de produtos e sistemas e promover maiores investimentos na qualificação da mão de obra são algumas das mudanças indicadas pelo SindusCon-SP como fundamentais para o ganho de produtividade. Segundo avaliação da entidade, a produtividade decorre da melhoria na gestão das empresas, através da inovação, do uso intensivo de tecnologia e do investimento no capital humano. Além disso, é importante melhorar a capacidade de coordenação setorial para vencer restrições e gargalos atuais. Por fim, outro fator importante indicado pelo SindusCon-SP – e bastante complexo – é melhorar a competitividade nacional com o crescimento da produtividade macroeconômica brasileira que, em grande medida, consome muitos dos avanços obtidos tanto setorialmente, quanto pelas empresas.