Anamaco comemora 38 anos de história
Entrevista com Geraldo Defalco, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco)
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
(Foto: Shutterstock)
Completando quase quatro décadas de existência em 2022, a Anamaco comemora com a publicação do livro “Varejo de Material de Construção: Ontem e Hoje”. “Será um marco e queremos fazer outras publicações nesse sentido”, comentou Geraldo Defalco em entrevista ao portal AECweb. O presidente da Associação também falou sobre os avanços experimentados pelo varejo e a mudança de comportamento do consumidor com a chegada da Internet. Agora, a entidade dá um novo passo ao criar o Anamaco Bank, exclusivo para as lojas de materiais, que já somam quase 130 mil unidades no país. Leia mais a seguir!
AECweb – Como o setor de varejo evoluiu nos últimos 30 anos?
Geraldo Defalco – Houve uma evolução significativa se considerarmos aspectos como materiais, produtos, dinâmica e gestão das lojas. Basta lembrar que, em 1993, as notas fiscais eram feitas manualmente, o que tornava a venda mais demorada. O consumidor, por sua vez, iniciava uma obra e só conseguia terminar 10 anos depois, em decorrência da inflação altíssima. Nessas três décadas, o setor se tornou mais dinâmico, cresceu e está estabilizado, com perspectivas de forte expansão.
"Nessas três décadas, o setor se tornou mais dinâmico, cresceu e está estabilizado, com perspectivas de forte expansão"Geraldo Defalco
AECweb – Quais os percentuais de pequenas, médias e grandes lojas de varejo?
Defalco – Do total de 129.812 lojas de varejo, 67% correspondem a micro e pequenas; 20% são médias; e 13% grandes.
AECweb – Como se dá a relação entre o varejo local e as grandes redes de home centers?
Defalco – Quando um home center é inaugurado numa região, o impacto no comércio do entorno é bem perceptível. Afinal, é próprio das grandes redes a oferta de produtos com preços diferenciados, além de operarem em instalações confortáveis, com ar-condicionado, ótima iluminação e até mesmo lanchonete. Mas, depois, o mercado se ajusta, atuando diretamente com o cliente na consultoria técnica. Não vejo os home centers como obstáculo ou concorrente pesado ao restante do varejo.
AECweb – O atendimento mais técnico ao cliente também avançou?
Defalco – Com a internet, houve um grande avanço. Antigamente, era o vendedor que explicava ao consumidor ou profissional da construção o funcionamento de produtos mais técnicos. Hoje, é o contrário, o cliente chega com toda a especificação e explicação sobre o material, perguntando se o lojista tem para compra. É um outro mundo.
AECweb – Fale sobre o livro que a Anamaco lançará, documentando o período.
Defalco – É a primeira vez que a Anamaco produz um livro sobre a história do comércio de materiais de construção no Brasil. Será um marco e queremos fazer outras publicações nesse sentido. A publicação “Varejo de Material de Construção: Ontem e Hoje”, produzida pela BB Editora, terá 176 páginas e será lançada em evento na Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), no dia 7 de dezembro, em Brasília.
AECweb – Explique o funcionamento e objetivos do recém-lançado Anamaco Bank.
Defalco – A ideia é oferecer um banco dedicado exclusivamente ao setor, desde as pequenas e médias até as grandes lojas. O Anamaco Bank deve oferecer serviços que, hoje, são comuns a todos os bancos, porém segmentados entre eles. Constatamos que, dessa forma, o setor perdia força. O projeto da Anamaco é de médio e longo prazo, porque envolve uma estrutura muito grande, mas já temos um espaço bem instalado em Alphaville. Vamos ouvir as lojas através das Acomacs (Associações dos Comerciantes de Material de Construção), para estabelecermos as operações que serão oferecidas e que não estão nos portfólios dos bancos tradicionais.
“O Anamaco Bank deve oferecer serviços que, hoje, são comuns a todos os bancos, porém segmentados entre eles. Constatamos que, dessa forma, o setor perdia força"Geraldo Defalco
AECweb – Qual o balanço do desempenho do setor neste final de 2022?
Defalco – Até o final de 2022, o setor espera crescer 3% sobre o ano anterior – índice um pouco menor do que em 2020 e 2021, respectivamente, 11% e 4,4% de crescimento do faturamento, segundo dados do FGV/IBRE em parceria com a Anamaco. Ainda assim o mercado está bom, puxado principalmente pelas obras de construção de edifícios residenciais. É interessante lembrar que uma obra de empreendimento residencial leva cerca de quatro anos para ser concluída, e o varejo comercializa todos os acabamentos, como revestimentos de piso e parede e pias. Esse segmento movimenta bastante o setor.
AECweb – Como ficou o nível de empregos no setor este ano?
Defalco – O desemprego diminuiu, com cerca de 2 milhões de novos postos de trabalho criados em 2022 no país. Em nosso setor, tivemos um total 1,4 milhão de empregados registrados. Lembrando que, na construção civil, para cada emprego criado, outros três informais são gerados. Entendo que foi um ano espetacular.
AECweb – Quais as expectativas da entidade para 2023?
Defalco – Ainda não temos previsões para o próximo ano. Mas posso dar um parâmetro: em fevereiro de 2020, fizemos o planejamento e traçamos um plano estratégico fantástico para o ano que se iniciava. Porém, 15 dias depois, com a chegada da pandemia da Covid-19, tudo aquilo deixou de existir. Portanto, agora, vamos atuar pari passu mediante cada ação externa que foge ao nosso controle.
Colaboração técnica
- Geraldo Defalco – Lojista do segmento de varejo de materiais de construção há mais de 20 anos e ex-presidente da Acomac Jundiaí e da Fecomac-SP. É presidente-executivo da Anamaco.