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Como e onde usar quartzito? Conheça a rocha ornamental do século 21

A evolução tecnológica de corte de rochas, ocorrida na última década, colocou no mercado de arquitetura o quartzito, empregado em revestimentos de fachadas, piso e paredes

Publicado em: 14/04/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Quartzito
O quartzito tem propriedades físico-mecânica e química que superam o mármore e o granito (Foto: Ilina93/Shutterstock)

Constituído basicamente por quartzo, o quartzito é a rocha mais resistente à abrasão e ao ataque químico. “Ele pode substituir os mármores e granitos, com vantagens até estéticas, mas principalmente físico-mecânica e química. Suas propriedades são imbatíveis. O quartzito é a rocha ornamental do século 21”, afirma o geólogo Cid Chiodi Filho, consultor da Associação Brasileira de Rochas Ornamentais (Abirochas) e sócio da Kistemann & Chiodi Assessoria e Projetos.

O quartzito pode substituir os mármores e granitos, com vantagens até estéticas, mas principalmente físico-mecânica e química. Suas propriedades são imbatíveis. O quartzito é a rocha ornamental do século 21
Cid Chiodi Filho

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Tecnologia

O processo convencional de corte e polimento de chapas empregava, no passado, os teares multilâminas de aço. “Levava mais de três semanas para beneficiar uma única chapa”, conta. Com a introdução dos teares multifios diamantados, é possível serrar um bloco inteiro de quartzito em um único dia. “Com isso, mudou totalmente a perspectiva de utilização do quartzito, que passou a ser uma rocha facilmente trabalhada e com bom nível de produtividade”, completa Chiodi.

A tecnologia está sendo empregada, também, na lavra em substituição aos explosivos e furação, técnicas danosas ao quartzito. Os fios diamantados fazem cortes a frio e contínuos no maciço rochoso para extrair o bloco e, posteriormente, no beneficiamento, transformando blocos em chapas. Foi uma revolução no mundo inteiro, mas especialmente no Brasil, onde a matéria-prima é abundante – fora daqui os quartzitos são pouquíssimos explorados.

“O país tem, hoje, o maior parque tecnológico mundial de serragem de blocos grandes e de rochas muito duras e complexas. Cerca de 360 teares multifios diamantados estão em operação, o que viabilizou economicamente o quartzito e, ainda, o corte rápido de muitas rochas mais moles”, explica. A mudança de paradigma tecnológico foi muito além, inclusive para a surpresa científica do geólogo, ao possibilitar a lavra do quartzo natural para uso ornamental. “O quartzo é a quintessência do quartzito do ponto de vista de sua resistência física e mecânica”, destaca.

O preço médio do quartzito é maior do que o dos mármores e granitos, exceto de alguns muito específicos, em geral italianos e gregos. “As chapas de quartzito exportadas agregam duas vezes mais valor do que as de mármore e quatro vezes mais se comparada às de granito”, informa. O quartzo, por sua vez, tem seus preços fixados na mesma classificação do quartzito.

Propriedades do quartzito

Visualmente, muitas vezes é difícil distinguir o quartzito do mármore ou do granito, que podem se assemelhar nos desenhos, cores, estrutura e movimento. Porém, há casos em que o quartzito apresenta características próprias, como o azul que difere do granito Azul Bahia e alguns mármores azuis. Sua principal vantagem em relação às outras rochas é sua elevada resistência à abrasão. Na escala Mohs de dureza dos minerais, o quartzito é classificado como 7 (a mesma do quartzo), enquanto o mármore calcítico tem dureza 3 e o dolomítico 4. Já o granito entra na classificação 5. “Essa diferença não é matemática, mas exponencial”, afirma Chiodi, destacando que o material é ideal para o revestimento de piso de áreas de alto tráfego.

Menos sensível ao ataque químico do que os mármores, o quartzito é o mineral mais indicado para revestimento de fachadas em regiões litorâneas. Ele resiste bem ao aerossol marinho que contém ácido clorídrico, enquanto as demais rochas são profundamente atacadas pela maresia. Aplicado em pisos de áreas internas não sofre riscamento produzido pela areia trazida pelo tráfego de pessoas nos ambientes. O geólogo lembra que, nos últimos 50 anos, a poluição atmosférica e as chuvas ácidas promoveram maior degradação do mármore dos monumentos históricos milenares do que a verificada nos últimos 5 mil anos.

Cuidados na instalação

Quartzitos, mármores e granitos têm vida útil eterna e seu desempenho ótimo depende, porém, das boas técnicas de assentamento. A dilatação desses materiais é propriedade importante, conforme explica o geólogo: “O coeficiente de dilatação térmica linear varia de um mineral para outro. Ou seja, é preciso considerar o quanto 1 m de rocha aumenta de tamanho a cada grau de temperatura a que é submetida no ambiente. Se não tiver uma junta compatível com a dilatação, o material pode imbricar, levantar ou romper”. O granito e o mármore revestindo churrasqueira ou lareira, em contato com o fogo, vão se expandir pela dilatação térmica diferencial dos minerais que os compõem, podendo produzir rachaduras e trincas. Isso acontece menos nos quartzitos, por serem constituídos basicamente por quartzo, que vai se dilatar por igual.

Ao aplicar selante hidro-óleo repelente na superfície das peças, após o assentamento, se evita a penetração de qualquer líquido, inclusive dos quimicamente agressivos e aqueles que mancham
Cid Chiodi Filho

A impermeabilização das chapas é feita, num primeiro momento, na indústria beneficiadora através da aplicação de resina de polimento que protege e colmata os poros das rochas. “Ao aplicar selante hidro-óleo repelente na superfície das peças, após o assentamento, se evita a penetração de qualquer líquido, inclusive dos quimicamente agressivos e aqueles que mancham. Se o granito e o quartzito tiverem poros abertos, líquidos como vinho e tinta penetram e mancham por absorção”, explica. É importante, também, impermeabilizar o contrapiso com mantas, para evitar o manchamento pela ascensão de líquidos.

Particularidade interessante do quartzito e do quartzo é serem materiais translúcidos. Ou seja, se uma chapa for colocada sobre fundo escuro, ele vai se revelar na frente da peça, principalmente se houver incidência de luz. “Por isso a importância do uso de argamassa de assentamento e de rejuntamento em tons claros ou branca. Ao usar as argamassas cimentícias convencionais, haverá escurecimento do quartzito”, afirma Chiodi.

A “bula” das rochas

De acordo com o geólogo, a Abirochas acaba de disponibilizar em seu site a 2ª edição do Guia de Aplicação de Rochas e Revestimentos, publicado pela primeira vez há 10 anos. Com informações mais ricas e atualizadas, reúne um conjunto de protocolos para assegurar a correta especificação, instalação e manutenção de quartzitos, mármores e granitos. Inclui recomendações para todas as situações de usos e tipos de rochas e apresenta os produtos disponíveis no mercado mais indicados para a colocação em diferentes ambientes, como áreas submersas, com insolação, com umidade ascendente, além das argamassas, removedores de manchas e impermeabilizantes.

“Nessa nova versão, estão todas as orientações para carregamento de caminhão, recepção e cuidados com o armazenamento do material no canteiro. Vai além, ao prever situações que podem danificar as peças, como evitar que a equipe de obra acenda fogareiro, ou que coloque prego enferrujado e lata em cima da pedra, ou ainda que utilize massa de vidraceiro para a instalação. São inúmeras informações que visam prevenir patologias”, conclui.

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Colaboração técnica

Cid Chiodi Filho
Cid Chiodi Filho – Geólogo formado pela Universidade de São Paulo (1975), trabalha com rochas ornamentais e de revestimento há mais de 30 anos e é um dos profissionais mais experientes dessa área de negócio no Brasil. Suas pesquisas, publicações e palestras têm contribuído para o desenvolvimento e divulgação do setor brasileiro de rochas ornamentais, sendo considerado referência em âmbito nacional e internacional. Através da Kistemann & Chiodi Assessoria e Projetos, atua como consultor para instituições governamentais, empresas de mineração e processamento de rochas, construtoras, revistas técnicas, sindicatos setoriais e associações. A colaboração com a Associação Brasileira de Rochas Ornamentais (Abirochas) se mantém desde a sua fundação, em 1998.