Como obter o melhor resultado com concreto aparente e cimento queimado?
Indicados para projetos que almejam uma atmosfera moderna e rústica, concreto aparente e cimento queimado têm características diferentes. Entenda:
As superfícies cimentícias são mais duráveis e práticas em compração às soluções convencionais (foto: Denise Wichmann)
As superfícies cimentícias têm obtido protagonismo em projetos de interiores contemporâneos, seja por estarem associadas à durabilidade e à praticidade, seja por remeterem ao estilo industrial. O concreto aparente e o cimento queimado são duas soluções técnicas usuais para conquistar esse resultado estético. Mas embora possuam características visuais semelhantes, em especial um aspecto rústico em tons de cinza, esses dois materiais têm diferenças técnicas importantes.
ESTRUTURA VISÍVEL
O concreto aparente é um material estrutural que, em vez de receber revestimentos, é mantido à vista. Utilizado em edificações e em obras-de-arte, em áreas internas ou externas, esse material deve ser especificado em função da aparência desejada e das exigências do local de aplicação.
Fortemente identificado com o movimento modernista e com projetos focados na funcionalidade e nas formas geométricas bem definidas, o concreto aparente foi amplamente utilizado por ícones da arquitetura brasileira, como Oscar Niemeyer e Vilanova Artigas.
Embora os tons naturais de cinza ainda prevaleçam nos projetos, mais recentemente passou-se a adicionar pigmentos aos agregados secos, permitindo adicionar mais singularidade aos elementos de concreto.
CIMENTO QUEIMADO
Diferente do concreto aparente, o cimento queimado é um acabamento produzido a partir de uma massa composta de cimento, areia e água, que confere à superfície um aspecto manchado e monolítico, ou seja, sem juntas. Essas características tornam esse revestimento, de bom custo-benefício, interessante para aplicação em pisos, paredes e bancadas.
No entanto, por resultar em uma superfície bastante lisa, o cimento queimado é contraindicado para ambientes que são molhados com frequência, como pisos e paredes de banheiros. Ele também deve ser evitado em projetos que valorizam uma aparência perfeitamente lisa e homogênea, uma vez que o surgimento de microfissuras superficiais, resultantes da dilatação, é inerente a esse material.
As superfícies cimentícias são protagonistas em projetos de interiores contemporâneos (foto: RafaelRenzo)
BOAS PRÁTICAS EM OBRA
Na execução de uma estrutura de concreto aparente, o molde é um componente decisivo para o resultado. "É possível usar formas metálicas se quisermos um plano liso, ou formas de madeira se a ideia é obter uma superfície mais rústica", explica a arquiteta Cristiane Trommer.
De modo geral, concretos mais fluidos ou autoadensáveis são os que proporcionam melhor acabamento quando se almeja um efeito liso. "A proporção de água e cimento na mistura é um ponto que requer muita atenção, já que um erro pode provocar perdas de resistência", alerta a arquiteta Claudia Alionis.
No caso do cimento queimado, o sucesso de uma aplicação livre de manchas, fissuras ou porosidade também passa por uma execução cuidadosa que começa com a análise do substrato, que não pode apresentar depressões, fissuras significativas, esfarelamento ou contaminações por óleo e graxa. A superfície precisa estar nivelada e áspera para garantir boa aderência.
O aplicador deve se certificar, ainda, de misturar de modo homogêneo o pó utilizado para queimar a argamassa. Do contrário, corre-se o risco de surgirem manchas indesejadas. No caso de aparecimento de bolhas de ar na massa, a orientação é alisar a superfície com a desempenadeira até o total desaparecimento das erupções. Além disso, é fundamental garantir que a área de aplicação fique isolada tempo suficiente para obter a cura adequada do cimento.
MANUTENÇÃO GARANTE DURABILIDADE
O concreto aparente, quando bem executado, é um material de elevada resistência e longa vida útil. Sua manutenção é bastante simples. Basta aplicar verniz ou silicone/resina após a execução para evitar a impregnação de sujeira com o decorrer dos anos. A limpeza periódica pode ser feita apenas com água sob pressão, sem o uso de produtos especiais.
Já o cimento queimado exige a aplicação de resina acrílica ou à base de água para minimizar a absorção de fungos e sujeira. "Para a limpeza, o mais recomendável é a lavagem com detergente neutro, lembrando que a superfície deve ser seca imediatamente", finaliza a arquiteta Claudia Alionis.
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Colaboração técnica
- Cristiane Trommer – Arquiteta e urbanista, é sócia fundadora da Oficina Art of Building. Atua na criação e no gerenciamento de projetos arquitetônicos e design de interiores.
- Claudia Alionis – Arquiteta e urbanista, administra escritório próprio onde desenvolve projetos residenciais, corporativos, comerciais e decorativos.